Na semana passada, escrevi que o São Paulo, o time brasileiro com mais títulos nos últimos anos, não teve nesse período um típico meia de ligação (meia ofensivo ou meia-atacante). Questionei se essa ausência foi positiva ou negativa. Não tenho a resposta.

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Existe no Brasil uma nostalgia pelos jogadores que vestiram a camisa 10, como se todos tivessem sido craques. Havia também muitos medíocres, nessa e em outras posições.

Os grandes camisas 10, como Zico e outros, eram geralmente pontas-de-lança. Pareciam, mas não tinham a mesma função dos atuais meias ofensivos. Os pontas-de-lança eram atacantes, artilheiros, que também recuavam para armar as jogadas.

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Os atuais meias ofensivos parecem, mas também não jogam como os antigos meias armadores. Esses, geralmente com a camisa 8, atuavam de uma área à outra, marcavam, organizavam e chegavam ao ataque. O sonho de todo time era ter um grande camisa 8 e um grande camisa 10.

Em algumas equipes, como o Cruzeiro, o camisa 8, Tostão, era ponta-de-lança, e o camisa 10, Dirceu Lopes, era o meia-armador.

Com o tempo, o meio-de-campo foi dividido entre os volantes, que jogam do meio para trás, e os meias ofensivos, que atuam do meio para frente. Desapareceram os meias armadores, que atuavam de uma área à outra. O ponta-de-lança passou a ser o segundo atacante.

Essa divisão no meio-de-campo está mudando, para melhor. Como os times europeus jogam com uma linha de quatro defensores, os volantes passaram a jogar no meio-de-campo, de uma área à outra, marcando e atacando. São armadores defensivos e ofensivos.

Estão desaparecendo os típicos meias de ligação e os típicos volantes, que não saem da frente dos zagueiros. Os novos armadores, defensivos e ofensivos, são parecidos com os antigos meias-armadores. Atuam de uma área à outra. As coisas vão e voltam, com outros nomes. Assim é também na vida.

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Os times brasileiros que jogam com três zagueiros, como o São Paulo, não precisam também de ter dois volantes muito marcadores. Hernanes joga de uma intermediária à outra. Ele é armador defensivo e ofensivo. Não há necessidade de se ter um típico meia de ligação, a não ser que ele seja um craque.

Luxemburgo segue os passos de Muricy. O Palmeiras tem jogado com três zagueiros, um típico volante (Pierre) e um meia, Cleiton Xavier, mais recuado. Ele marca e está sempre na frente para finalizar, como fazem Hernanes e Ramires. Cleiton Xavier já fazia isso muito bem no Figueirense.

Há quase sempre lugar para os jogadores de mais talento. A principal função de um técnico é tentar colocá-los nos lugares certos, para que possam jogar tudo que sabem.

Convocação

Dunga prefere Felipe Melo a Hernanes e Ramires. Felipe Melo era reserva do mediano Augusto Recife, no Cruzeiro. Dizem que ele melhorou muito. Nem tanto. Acompanho os jogos da Fiorentina. Ele foi convocado porque Dunga e muitos jornalistas acham que ser destaque na Fiorentina, hoje um time médio da Itália, é mais importante que ser destaque do São Paulo ou do Cruzeiro.

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