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Juca Kfouri foi o único comentarista, dos que leio e escuto, que fez a previsão de que o São Paulo ia ganhar o campeonato quando o time ainda não estava entre os quatro primeiros. Se for confirmado, Juca, além de mestre do jornalismo, será mestre dos videntes.

O Goiás, mandante do jogo e impedido de atuar no Serra Dourada por causa de decisão da Justiça Desportiva, deveria jogar no seu estado. Mas a CBF, alegando uma situação especial, prevista no regulamento, marcou o jogo para o Bezerrão, no Gama, cidade-satélite de Brasília, que custou uma fortuna ao governo do Distrito Federal. Na verdade, a CBF quis fazer média com seus amigos políticos. Se o jogo fosse em Itumbiara, o time goiano teria mais torcida e mais chance de vencer.

Hoje é dia de muitas orações, promessas (muitas não serão cumpridas) e de palestras de motivação. Na época em que jogava, estavam na moda os pais-de-santo. Os resultados eram os mesmos. Muitos atletas, assim como as crianças, são facilmente sugestionados pelas forças do além ou por frases feitas, óbvias e por histórias de superação. Alguns jogadores não agüentam mais escutar a mesma coisa.

Hoje, certamente algum dirigente ou um rico torcedor de um clube vai dar dinheiro para os jogadores de outro clube vencerem um concorrente. É a "mala branca", para diferenciar da "mala preta", antigas expressões do futebol extremamente racistas. A "mala preta" é mais grave, para perder, como se as coisas pretas fossem piores que as brancas.

Os que dão e os que recebem dinheiro para ganhar justificam que essa é uma prática antiga, um incentivo, e que não é diferente do clube que dá prêmios, "bichos", para seus jogadores vencerem uma partida. No mínimo, é uma postura antiética. Já dar dinheiro para perder é corrupção, caso de polícia.

O esporte de competição, de alto rendimento, não é um bom lugar para aprender e desenvolver os valores éticos e morais. Na emoção da disputa por algo importante, por fama e dinheiro, os atletas, algumas vezes incentivados pelos técnicos e dirigentes, exteriorizam muito mais suas violências, ambições e fraquezas. Querem ganhar de qualquer jeito.

Muitos já disseram, não sei quem foi o primeiro, que um jogo de futebol é uma metáfora da vida. Esse é um sábio clichê. Pena que alguns chavões sejam banalizados. Com o tempo, perdem o valor e/ou deixam de ter sentido.

O que sente um atleta na véspera de uma decisão? Cada um tem o seu jeito. Eu ficava ansioso e não dormia bem. Quanto mais preocupado, melhor jogava. Penso que deve ser assim com a maioria dos jogadores. Rogério Ceni disse que não dormiu bem vários dias antes do jogo contra o Fluminense.

A ansiedade, desde que não seja excessiva, melhora a performance do atleta. Há uma liberação de substâncias químicas. O atleta fica mais esperto, concentrado, veloz e eficiente. É o doping psicológico.

Hoje é dia de muitas alegrias e tristezas. No esporte profissional, quando se ganha, é a melhor coisa do mundo. Quando se perde, é a pior.

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