Johannesburgo - Chegamos bem cedo ao Ellis Park. É o templo do rúgbi re­­formulado. Como os jo­­gadores de futebol estão cada vez mais fortes e truculentos, imagino que em um futuro ainda distante o futebol e o rúgbi vão virar um só esporte, jogado com os pés e com as mãos.

CARREGANDO :)

Para chegar ao centro de im­­prensa, passamos por um detector de metais. Apitou e, mesmo assim, a mulher mandou todos passarem. Espero que nenhum terrorista passe por esse lugar. No centro de imprensa, sinto-me um dinossauro. Enquanto dezenas de jornalistas estão agarrados a seus computadores, eu escrevo com uma caneta em um papel. Deram-me um moderno celular, mas só o uso para ligações. É a minha salvação.

Como alguns historiadores acreditam que pode ter havido civilizações mais adiantadas que a atual, que desapareceram com o tempo, imagino que um dia vai implodir toda a tecnologia e que tudo voltará ao papel e à caneta.

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O estádio está lotado. Faz um frio intenso. Mais ou menos cinco graus. Vai começar o jogo. Todos os jogadores brasileiros cantam o hino nacional. Eu também gostava de cantar. Jogador de seleção, em uma Copa, tem de ficar arrepiado.

A bola vai rolar. Imediatamente, a maioria dos jornalistas começa a digitar em seus computadores. Alguns nem olham para o campo. O jogo é um detalhe.

A bola já está rolando. O primeiro tempo foi frio, com exceção de alguns dribles de Robinho. O Brasil não tomou uma única bola no campo da Coreia. A bola demorava 500 anos para passar da defesa para o ataque.

Começa o segundo tempo. Está muito frio. Espero que o jogo esquente. Logo no início, Maicon recebe de Elano e, quase sem ângulo, solta um petardo e a bola entra. Agora, vai ficar fácil. Em um belo passe de Robinho, Elano faz o segundo e sai, para a entrada de Daniel Alves. Está com cara de goleada. Entra Nilmar, no lugar de Kaká, que foi muito discreto. Ro­­bi­­nho passa a fazer a função de Kaká. E o que parece impossível acontece. A Coreia do Norte faz um gol. Acaba o jogo.

Está na hora de ir embora. Muitos vão dizer que qualquer ti­­me da Segunda Divisão do Bra­­si­­leiro ganharia da Coreia do Norte. É possível. Mas ninguém precisa ficar mais preocupado. Nada mudou. O Brasil não jogou bem, mas a única seleção que, até agora, jogou melhor que o Brasil foi a Alemanha. É só o início.

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