Torcedores, jogadores, treinadores e a imprensa brasileira sempre exaltaram a garra dos argentinos. Quando é o Boca em uma decisão da Libertadores, há um grande silêncio, um enorme respeito, um temor, como se o Boca fosse imbatível em casa. Não é. Mas é difícil vencê-lo.

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Hoje, está do outro lado o Grêmio, que, pela proximidade geográfica e admiração pelos argentinos, tem um estilo parecido e é também um papador de títulos.

A principal diferença do estilo argentino e do Rio Grande do Sul com o restante do Brasil é a disputa obsessiva pela bola. Os argentinos costumam unir a correria com a habilidade. A diferença é de estilo, e não de garra. Muitos jogadores de outros estados brasileiros vão para o sul e se adaptam bem a essa postura.

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Porém, não adianta só marcar sem ter talento com a bola. A maioria das grandes equipes da Argentina, do Grêmio e do Inter tinha ótimos jogadores, como o Inter de Falcão e Carpegiani, e o Grêmio de Renato e Paulo César Caju. Essas e outras equipes ganhavam e davam espetáculo.

Mesmo com a valorização da marcação e do futebol de resultados, o Rio Grande do Sul sempre revelou grandes jogadores. Para ficar só no presente, são do Sul o jogador que ganhou duas vezes o título de melhor do mundo (Ronaldinho) e as duas atuais maiores promessas do futebol brasileiro (Anderson e Pato).

Isso sem falar nos inúmeros títulos nacionais e internacionais conquistados por Grêmio e Inter. O futebol gaúcho está com tudo e não está prosa.

Na Libertadores, os argentinos ganharam mais títulos que os brasileiros. Já em Copas do Mundo, o estilo mais cadenciado do Brasil teve mais êxito porque nos últimos 50 anos o futebol brasileiro teve muito mais jogadores fenomenais.

Além de Pelé, Garrincha, Gerson, Rivelino, Zico, Falcão e outros grandes craques do passado, muitos brasileiros nos últimos 13 anos ganharam o título de melhor do mundo (Romário, Ronaldo duas vezes, Rivaldo, Ronaldinho duas vezes e quase certo Kaká nesse ano).

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Após Maradona, nenhum atleta argentino ganhou esse título. A grande esperança é o Messi, que tem tudo para ser nos próximos anos um forte concorrente.

Se qualquer seleção unisse o estilo mais aguerrido e mais passional dos argentinos com o mais cadenciado e com mais craques do Brasil, ela ganharia mais títulos do que os dois países juntos. Seria o time dos meus sonhos.

Hoje, começa a decisão da Libertadores. Boca e Grêmio têm pequenas diferenças. Enquanto o Grêmio atua com uma linha de quatro no meio-campo (dois volantes e um meia de cada lado), o Boca joga com três armadores e mais o Riquelme livre e próximo dos dois atacantes. O Grêmio não pode deixar o criativo e triste Riquelme (raramente sorri) receber a bola livre entre os seus volantes e zagueiros.

Se o Grêmio ficar muitos atrás e deixar o Boca pressionar, como fez o Santos na Vila Belmiro, correrá grandes riscos de perder novamente por uma diferença de dois gols. Será difícil reverter essa desvantagem contra o temível Boca.