Com exceção do São Paulo, campeão com nove pontos de diferença para o Internacional, com a melhor defesa e ataque, as outras equipes, mesmo as que se classificaram para a Libertadores com modestos elencos, reclamam e lamentam um pênalti perdido, o erro de um árbitro, os pontos que deixaram de ganhar em casa e outros detalhes que poderiam ter sido decisivos.

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As declarações do volante André Luis, que não deveria ter sido contratado pelo Santos pois não joga nada há muito tempo, de que vai atuar no exterior porque não tem mais condições físicas para jogar no Brasil, é uma demonstração das mudanças que houve no futebol que se joga no Brasil nos últimos anos.

No passado, o futebol brasileiro era mais cadenciado, de mais toque de bola, de mais habilidade e mais bonito. Já o da Europa era mais físico, de mais marcação e mais veloz. Isso mudou. Por causa da globalização e da ida dos melhores jogadores sul-americanos e africanos para a Europa, houve uma mistura dos dois estilos. O nosso futebol é hoje mais faltoso e mais violento do que o europeu.

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O antigo conceito de que o jogador brasileiro é indisciplinado taticamente, que não gosta de marcar e que precisa ir para a Europa para corrigir essa deficiência não é também mais verdade.

Os técnicos brasileiros costumam ser estudiosos, apaixonados pelo futebol científico, pela prancheta, pelas jogadas ensaiadas e exigem bastante dos atletas.

Mas a beleza do futebol não está na disciplina tática e no futebol coletivo, e sim no drible desconcertante, na tabela seguida do gol e no toque bonito e surpreendente, como o do Robinho no último jogo do Real Madrid, quando ele enfiou o pé por debaixo da bola e a colocou por cima do zagueiro para o companheiro recebê-la na frente.

Porém, para o Robinho se tornar um candidato habitual ao título de melhor do mundo, ele precisa ser mais contundente e mais decisivo. Robinho ainda erra muito o último passe ou o chute para o gol.

Para ser fascinante e eficiente, o esporte precisa misturar a arte com a ciência, a disciplina com a improvisação, o individual com o coletivo, o talento com a emoção e a regularidade com a obsessão de jogar sempre melhor, como ocorre com a seleção brasileira de vôlei.

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Falta o maestro

Após a festa dos melhores do brasileiro promovida pela CBF, que continua financiando campanhas para eleição de vários políticos, Dunga e Muricy disseram em um programa do Sportv que falta ao futebol brasileiro e mundial um grande armador, organizador, um maestro que controle o jogo no meio-de-campo, como foram Didi, Gérson, Zidane e outros. Concordo.

A razão principal dessa falta foi a divisão que houve nas últimas décadas no meio-de-campo entre os armadores defensivos (volantes), que quase só marcam, e os armadores ofensivos (meias), que quase só atuam da intermediária para o gol, como Kaká, Ronaldinho, Diego e outros. Esses meias parecem com os antigos pontas-de-lanças. Desapareceram os típicos meias armadores.

Uma das soluções para atenuar essa falta é os técnicos treinarem e incentivarem os volantes, desde as categorias de base, a não só marcar, como também ter um bom passe e uma maior visão de jogo, o que tem ocorrido timidamente.

Além do Rogério Ceni, a grande diferença do São Paulo para as outras equipes no campeonato brasileiro foram os volantes Mineiro e Josué.

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