Não queria mais escrever sobre a Copa do Mundo, o assunto cansou, mas sempre que termino alguma coisa, tenho a sensação de que faltou algo para dizer. Os fatos ruins precisam também ser mais discutidos, em vez de esquecê-los, para que eles não se repitam nem se tornem um fantasma.

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Vou imaginar um diálogo entre o Parreira, que como nós não deve ter entendido muitas coisas, com um interlocutor, que pode ser o alter ego e/ou a consciência do Parreira, ou alguém que o técnico admire, um guru, desde que não seja um antigo treinador inglês.

– No início, na Suíça, apesar da euforia que poderia prejudicar a seleção, parecia que estava tudo bem, quase perfeito. Não sei por que não deu certo.

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– A conquista da Copa das Confederações foi uma grande ilusão. A equipe foi consagrada antes de jogar o Mundial. A maioria da imprensa elogiava até os ineficientes treinos diários com os jogadores fora de posição e em metade do campo. Pior, o time deixava de fazer outros treinos essenciais.

– Foi tudo planejado. A estratégia tática era a mesma das outras seleções: defender com o maior número de jogadores atrás da linha da bola, manter a posse de bola e contra-atacar. A vantagem do Brasil seria na qualidade dos jogadores.

– Copiar os europeus foi outro erro. É a globalização da mediocridade. Se você e o técnico de qualquer outra das principais seleções trocassem de lugar, ficaria tudo igual. Há outras opções, como mostrou o Barcelona, campeão da Europa. Pior, as outras seleções fizeram bem o que foi planejado. A do Brasil não fez uma coisa nem outra. Não foi ousada nem prudente. Não teve identidade, uma cara.

– Os dois grandes trunfos do Brasil, Kaká e Ronaldinho, jogaram muito mal, não sei por quê, já que estavam muito bem nos seus clubes e tinham liberdade em campo.

– Entre as dezenas de explicações já dadas para isso, a mais visível, que não é a única, é que os dois não encontraram os seus lugares. Não foram meias ofensivos nem defensivos. Estavam sempre longe do outro gol. Quando o Brasil perdia a bola, havia grandes espaços para os adversários entre eles e os laterais dos seus lados. A responsabilidade foi deles e também sua, que não foi claro no que queria.

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– Por causa dos erros, escalei contra a França o time que a maioria pedia. O Brasil também não tem hábito de fazer marcação individual, como pediram no Zidane.

– Contra a França, o time mudou o esquema, mas não mudou o estilo de jogar. Além disso, a escalação de três volantes nunca deu certo nas eliminatórias. A solução não era também marcar individualmente o Zidane em todo o campo. Era marcá-lo mais de perto, não só ele como todos os jogadores. O erro mais grave foi escalar trêspara marcar o Henry (dois zagueiros e o Gilberto Silva) e faltar um armador.

– Não entendi o gol da França.

– Roberto Carlos disse que a estratégia era fazer a linha de impedimento. Gilberto Silva afirmou que não havia essa instrução. Na verdade, os defensores não sabiam se corriam para a área ou se faziam a linha de impedimento para evitar confusão à frente do Dida, quando a bola vai forte e de curva. Dos dois jeitos saem muitos gols.

Pretendo continuar a discussão de outras coisas que aconteceram dentro e fora de campo na próxima coluna. Ou está na hora de encerrar o assunto?

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