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Fiquei 20 dias fora, e pouco mudou. Fluminense, Cru­­zeiro e Corinthians estão na frente, os candidatos ao rebaixamento são os mesmos, os árbitros continuam ruins e, com alguns lugares-comuns, os comentaristas explicam quase tudo. Mesmo sem perceber, so­­mos todos copiadores, dos outros e de nós mesmos. Dou muitas voltas e tenho quase sempre a impressão que retornei ao mesmo lugar.

Os destaques também são os mesmos. Conca, por jogar bem todas as 32 partidas, é o melhor de todos. Escrevi meses atrás que faltava a Conca mais eficiência nas finalizações. Não tem faltado mais. Não foi o cronista que estava errado. Foi Conca que evoluiu.

Dias atrás, um pai e uma mãe me disseram que o filho, adolescente, apaixonado por futebol, deixou de praticá-lo na escola, porque estava muito violento e sem graça. O atual futebol físico, pegado e intenso já chegou às escolas. No futuro, teremos um novo esporte, uma mistura de futebol e rúgbi.

A infância e a adolescência são o tempo certo para aprender e desenvolver a habilidade, a fantasia e a criatividade. Mas hoje, os meninos, em vez de brincar com a bola, explorá-la com toques, passes e dribles de todos os jeitos, passam a maior parte do tempo aprendendo regras, disciplina e fundamentos técnicos e táticos. Não aprendem a sonhar.

Estão desaparecendo os craques. Não foi surpresa o Brasil ter apenas Júlio César, Maicon e Daniel Alves (Lúcio também merecia) na lista dos 23 concorrentes ao título de melhor do mundo deste ano. Não há um único armador ou atacante brasileiro. Isso é grave.

Critiquei durante quatro anos a filosofia de Dunga, mas não foi por isso que a seleção perdeu. Foi porque não tinha um único grande craque do meio para frente. Em 2002, o Brasil não ganhou por causa da "família Scolari", mas principalmente porque tinha no ataque Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho.

Ronaldinho não joga hoje 25% do que já jogou. Mesmo assim, ainda é melhor que os outros. Por isso deve ter sido lembrado. Mas sua convocação contraria a renovação. Ou foi também por pressão da CBF, refém dos patrocinadores e promotores do jogo contra a Argentina, no Catar? Ronaldinho ainda é o maior garoto-propaganda.

A maioria acha que Mano Menezes não aceitaria essa imposição. Também acho que não, mas é preciso questionar. Não vivemos no mundo ideal. No mundo real, o show e os negócios estão acima dos ideais esportivos. Há exceções.

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