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A estréia do Brasil foi ruim, mas é cedo para se fazer análises definitivas. Em nenhum momento da partida, o Brasil marcou por pressão. Dunga não gosta e/ou não teve tempo para treinar. Mas teve para fazer muitos treinos de dois toques em campo pequeno.

Dunga insistiu nos treinos para os laterais avançarem e os volantes ficarem na cobertura. Os laterais foram bem marcados, não atacaram e os volantes continuaram atrás.

Como observou primeiro Paulo Vinicius Coelho (comentarista da Espn Brasil) todos os oito gols sofridos pelo Brasil sob o comando do técnico, começaram pelo lado esquerdo da defesa. Além da coincidência, uma provável explicação é que o Gilberto marca de longe e deixa o adversário cruzar. Outra é a falta de um armador desse lado, que marca e defende, como faz o Elano pela direita.

Como o Chile é um time apenas habilidoso e que marca mal, o Brasil deve melhorar. Jogar igual ou pior é muito difícil. Muito melhor que o time chileno são os vinhos do país e a poesia de Pablo Neruda.

Contra o Equador, o chileno Valdivia, estrela do Palmeiras, mostrou novamente que tem muita habilidade, mas não tem muito talento. São conceitos diferentes. Talento é a união da habilidade, da técnica, da criatividade, da capacidade de se adaptar ao conjunto e das qualidades físicas e emocionais.

A habilidade é a intimidade com a bola, o domínio e o drible. Nisso Valdivia é excelente. A técnica é o uso dos fundamentos básicos. Pode ser aprendida e desenvolvida. A criatividade é a capacidade para surpreender, improvisar, inventar, ver e antever o lance antes dos outros.

Nada disso é suficiente para ser um craque se o jogador não estiver bem preparado fisicamente e não ter intenso desejo de brilhar e passar dos seus limites, como diz a bela música de Ivan Lins.

Querer não é poder

Acabo de ler que o Brasil não teve alma contra o México. De novo? Não é por aí. Aliás, recebi críticas durante e após o mundial de 2006 por ter dito que o principal problema da seleção na Copa não foi falta de vontade, de garra. Seria cômodo e daria mais audiência se dissesse o contrário e ainda falasse que os jogadores do passado teriam mais raça que os atuais.

Não consigo imaginar um atleta sem vontade de jogar bem em uma Copa do Mundo. Quando uma equipe dá um baile coletivo, como fez a França contra o Brasil, os jogadores do outro time costumam ficar apáticos, paralisados, sem saber o que fazer. Todo atleta passou por isso. Tive essa experiência na Copa de 66, na derrota para a Hungria por 3 a 1.

Na final da Copa de 98 aconteceu a mesma coisa, novamente contra a França e contra Zidane. Estava presente o capitão Dunga, símbolo da raça. Nem isso adiantou. E colocaram toda a culpa da derrota no problema do Ronaldinho.

Isso é uma coisa. Outra é o jogador, por desleixo, soberba e incompetência da comissão técnica, não se preparar bem para uma importante competição, como certamente ocorreu na Copa de 2006. Aí, não adianta querer correr e brilhar. Ninguém faz o que quer sem poder.

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