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O Brasil deu show no fraquíssimo combinado de Lucerna. Kaká e Ronaldinho Gaúcho voltaram para marcar, um de cada lado, e chegaram bastante ao ataque, principalmente Kaká, o melhor do jogo. Kaká fez até cobertura do Lúcio e Cafu.

O problema não está na marcação no meio-de-campo, preocupação principal do Parreira. O problema está nos espaços deixados na defesa para o contra-ataque, principalmente do lado do Juan e do Roberto Carlos. Ainda bem que os técnicos adversários são fracos e não costumam colocar um atacante veloz pelo lado.

Juninho entrou e fez novamente um belíssimo gol de falta. É o melhor cobrador de faltas, escanteios e de cruzamentos de bola parada para a área. Para Parreira, Juninho é reserva do Kaká. Poderia também ser titular no lugar do Zé Roberto. O jogador do Bayern é excelente, mas Juninho é um craque.

Essas dificuldades são pequenas diante do enorme talento do quarteto ofensivo.

Importância relativa

Como atuei em duas Copas do Mundo e convivi com a mesma badalação e euforia de torcedores com a seleção – tinha a mesma intensidade e o Pelé era mais famoso que os dois Ronaldos –, costumo dar a certos fatos menos importância do que a maioria da imprensa.

Pequenas discussões entre jogadores, entradas duras em treinos, o fato de um atleta ser mais amigo de um do que de outro, se é melhor próximo da Copa fazer treinos do que enfrentar seleções, a invasão de torcedores durante o treino, ótimas ou más atuações da equipe e de jogadores em treinos coletivos e muitas outras situações têm, para mim, pouca ou nenhuma importância.

Não tenho condições técnicas para avaliar os treinos físicos, mas posso criticar o treino técnico quase diário de duas equipes se enfrentarem na metade de um campo, com jogadores fora de suas posições.

Sei que a finalidade desses treinos é diminuir os espaços e dificultar para os jogadores se livrarem de uma marcação, que os técnicos europeus adoram este treino e que há trabalhos científicos recomendando este tipo de treinamento.

Mas nada disso me convence. Se eu fosse treinador, o que nunca serei, só treinaria situações de jogo, coletivas e individuais, e em toda extensão do campo.

O principal risco que corre a seleção são os contra-ataques com lançamentos nas costas dos laterais ou entre o zagueiro e o lateral. Principalmente do lado do Roberto Carlos, que, em vez de ficar na linha dos zagueiros, se coloca na linha dos volantes, deixando muito espaço nas suas costas.

Roberto Carlos, não sei por quê, tem se colocado muito pelo meio, deixando a lateral livre para o adversário. Além disso, Juan que joga a seu lado, é um zagueiro clássico que não tem hábito de sair na lateral para fazer a cobertura, diferentemente do Lúcio no lado direito.

Apesar desse problema, não vi uma única vez ser treinado um posicionamento dos defensores para receber um contra-ataque.

Anos atrás, entrevistei o Romário em Valencia, onde ele jogava. Fui ao treino e Romário estava de fora por causa de uma contusão. Perguntei qual era o problema e ele respondeu: "Não tenho nada, só não quero treinar em metade do campo, ainda mais com as mãos". Os europeus adoram fazer isso. Pelo menos, não ocorreu esse treino com as mãos em Weggis.

Romário completou, com razão: "Quero treinar o que vou fazer no jogo". Por isso e outras coisas ele disse certa vez: "Técnico bom é o que não atrapalha". Acrescento: é o treinador que ajuda os atletas a jogarem tudo que sabem.

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