Na Copa de 1958, o ponta-esquerda Zagallo já sabia que um time não podia ter menos de três jogadores para marcar no meio de campo. Quando o Brasil perdia a bola, Zagallo voltava para marcar ao lado de Zito e Didi. O mesmo ocorreu em 1962. No Mundial de 1970, Rivellino foi o Zagallo das copas de 1958 e 1962.
Hoje, a maioria das equipes marca com cinco no meio. Só o centroavante fica fixo na frente. Quando recuperam a bola, três dos cinco avançam. Ficam dois volantes recuados e quatro na frente. Outros times jogam com dois atacantes e quatro no meio (dois volantes e um armador de cada lado). Quando tomam a bola, os armadores avançam, geralmente pelas pontas.
Como o Barcelona marca mais à frente, os três mais adiantados não precisam voltar para marcar no próprio campo. Quando recuperam a bola, dois dos três armadores chegam também ao ataque. Fica só um volante mais recuado, e os outros cinco na frente.
O Barcelona, por marcar por pressão, ter Messi, armadores que tocam muito bem a bola e que avançam, e três atacantes que se movimentam por todos os lados, dão passes e fazem gols, não precisa ter um centroavante fixo.
Diferentemente do Barcelona, que impõe seu estilo em qualquer gramado, o Real prefere, como todos os outros grandes times do mundo, deixar dois volantes recuados e marcar mais atrás para contra-atacar.
Apesar do futebol bonito e eficiente, os técnicos não adotam o estilo do Barcelona. Devem achar que o Barça é um ET, um futebol à parte. Os treinadores morrem de medo de dar o contra-ataque para o adversário. Não gostam também de ficar com a bola.
Antes da goleada por 5 a 0 do Barça, a maioria da imprensa brasileira achava que o Real tinha mais chances, por causa de Mourinho. É a supervalorização dos treinadores. O tão badalado sistema defensivo da Inter, que eliminou o Barcelona no ano passado, pela Copa dos Campeões, foi o mesmo adotado pelos outros times que foram goleados pelo Barcelona. A principal diferença estava na qualidade dos defensores da Inter.
Dizem que 400 milhões de pessoas viram a partida entre Barcelona e Real Madrid. Mesmo assim, o Barcelona não saiu da rotina. Os jogadores almoçaram em casa e foram para o estádio duas horas antes do jogo.
O Barça, por ter a maioria dos jogadores formados em casa, por pagar para ter o nome da Unicef na camisa e por jogar bonito e com eficiência, é mais que um time.
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