Estou sem um bom assunto para escrever. Como é difícil ser original, no futebol e na vida, ainda mais no início do ano. Os temas, as análises e as reportagens são quase sempre as mesmas. Tenho a sensação de estar sendo repetitivo ou que alguém já falou tudo o que eu quero dizer.
A maior novidade no futebol brasileiro é a contratação de Ronaldo. Ele está em todos os noticiários. Quero falar de outras coisas. Todos já conhecem os detalhes anatômicos de seu abdômen e o tamanho de seus pneus laterais. Ninguém entra em acordo sobre o peso de Ronaldo e quantos quilos ele terá que perder. Cansei de vê-lo nos treinos. Quero vê-lo no jogo.
Outra novidade foi a longa entrevista dada por Lula à ESPN Brasil, no programa "Bola da Vez". Pelas chamadas que vi, Lula parecia ser um excelente crítico à organização do esporte brasileiro, como se o governo, via Ministério dos Esportes, não tivesse nada com isso. Será que o presidente ficou chateado com as críticas do torcedor e comentarista Lula?
Neste início de ano, as novidades são poucas. Quase tudo é igual ao ano que passou. Muitos campos, em vários estádios, não estão em condições de se jogar futebol. Durante longo tempo, a falta de entrosamento e a pequena pré-temporada serão boas desculpas para as más atuações. Para não diminuir a audiência, muitas peladas serão chamadas de jogos emocionantes.
Na primeira rodada do Paulistão, Corinthians e São Paulo, os considerados favoritos, empataram, enquanto Palmeiras e Santos venceram. Aposto em um dos quatro para ser campeão.
Mesmo se o Corinthians tivesse goleado e atuado muito bem, continuaria sem entender tantos elogios ao novo time. Fora Ronaldo, um jogador à parte, o Corinthians não trouxe nenhum ótimo jogador. Os que vieram do Rio (Jorge Henrique, Túlio, Cristian, além de Souza) são comuns. Nenhum deles estava em qualquer lista dos melhores do Brasileiro.
Os melhores do Rio que saíram para o futebol paulista foram para o São Paulo (Washington e Arouca) ou para o Santos (Lúcio Flávio). O elenco do Corinthians terá agora mais opções, mas o time titular não é melhor que o do ano passado.
Neste início de ano, aumentam as chuvas, os desabamentos, as mortes, os acidentes e as notícias ruins. Para piorar, morreu a minha querida cachorra Lambreca. É a transitoriedade das coisas e da vida. Essa fragilidade é angustiante e triste. Mas não me derruba. Não sou pessimista nem depressivo. Vou à luta, do meu jeito. Só não faço parte da turma do oba-oba, também chamada de otimista.
Há muitas coisas boas e belas no mundo. Sou avô, pela primeira vez. A vida se renova. Sinto-me cada dia mais apaixonado pelas coisas que faço e pelas pessoas que amo.
No futebol, acontecem também muitas coisas boas. É agradável escutar a entrevista de um técnico como Mano Menezes, que fala e explica as coisas, que não é prepotente nem politicamente correto, que não bajula nem é grosseiro, que não quer ser irônico sem saber ser, que não é depressivo nem eufórico e que não quer ser mais sábio que a sabedoria.
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