No recente congresso da Fifa, com as presenças dos técnicos das seleções, que trabalharam ou não na Copa, todos concordaram que foi uma decepção a qualidade técnica do Mundial.

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Qual foi o principal motivo desse fracasso? Esse é o grande mistério para os treinadores. Eles não chegaram a nenhuma conclusão. Dizem que foi criada uma comissão de notáveis, formada por treinadores, matemáticos, psicólogos e amigos da Fifa para esclarecer o grande enigma. Provavelmente irão concluir que foi o acaso.

O acaso é muito freqüente nas nossas vidas, mas às vezes ele serve para encobrir a nossa ignorância e a nossa prepotência.

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Contam que alguém presente no congresso, talvez um intruso, ou um técnico mais humilde ou mais distraído, sugeriu as hipóteses de que o futebol feio e chato da Copa foi decorrente da rigidez dos esquemas táticos e da excessiva preocupação dos treinadores em não arriscar, recuar demais as suas equipes e colocar no mínimo oito jogadores atrás da linha da bola, para depois contra-atacar.

Dizem ainda que ninguém levou a sério essas estranhas explicações para o fracasso técnico do Mundial.

Repetição

No mesmo congresso da Fifa foi constatado que 19 das 32 seleções jogaram no 4–4–2, cinco no 3–5–2 (todas eram fracas seleções) e as outras não tiveram esquemas fixos. Os professores concluíram que o 4–4–2 é ainda o esquema mais efetivo e que vai durar muito tempo. Já são 40 anos de vida e provavelmente serão mais 40. É a compulsão à repetição.

Enquanto isso, o Barcelona, dirigido pelo holandês Rijkaard, campeão da Europa e bi da Espanha, único time do mundo que encanta, joga de uma maneira bem diferente, não só pelo desenho tático como pela postura ousada, marcando por pressão e chegando ao ataque com muitos jogadores.

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Os técnicos presentes no congresso da Fifa devem achar que o Barcelona é um time atípico, excêntrico e que não serve de referência.

No tradicional 4–4–2, utilizado também pelo Brasil na Copa, os times jogam com dois volantes, um meia aberto de cada lado e dois atacantes. Uma variação, bastante usada pelos técnicos brasileiros, é atuar com uma linha de três no meio-de-campo e mais um meia ofensivo próximo dos dois atacantes. Nenhuma das principais seleções jogou dessa forma na Copa.

Outra variação, abandonada há muito tempo pelos técnicos europeus, comum ainda no Brasil, é escalar dois meias ofensivos perto de dois atacantes, como faz o atual time do Corinthians e jogou o São Paulo contra o Inter.

Nesse esquema, há quatro jogadores próximos do gol adversário, mas os dois volantes ficam sobrecarregados na marcação e as jogadas ofensivas muito centralizadas pelo meio, como tem ocorrido no Corinthians com os meias Carlos Alberto e Róger. No São Paulo, isso não aconteceu porque Danilo atuou quase como um ponta-esquerda.

Colaborador

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Segundo informações do jornal Estado de Minas, Ricardo Gomes, técnico do Bordeaux, será colaborador do Dunga na Europa, observando jogadores e passando informações para o técnico. Boa escolha. Ricardo Gomes é bastante respeitado na Europa.

Aliás, aproveito para corrigir com várias semanas de atraso o erro que cometi ao escrever que Ricardo Gomes foi zagueiro da seleção na Copa de 94. Ele se contundiu e foi cortado. Não confie na memória de um homem que chega aos 60 anos.