O torcedor brasileiro ficou feliz porque a seleção ganhou, jogou bem e até bonito. Se tivesse vencido jogando mal, o torcedor ficaria alegre, mas não deixaria de criticar.

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Após a conquista da Copa das Confederações, antes do Mundial de 2006, a seleção brasileira era endeusada como se fosse perfeita. O favoritismo derrubou a equipe. Agora foi a vez da Argentina. Até o guerreiro Tevez estava apático, sem saber o que fazer, como ocorreu com os brasileiros, contra a França, na Copa da Alemanha.

As vitórias iludem e escondem as deficiências. A paciência e o toque de bola da Argentina se transformaram em lentidão na derrota. O zagueiro-lateral Heinze mostrou novamente que é fraco na zaga e na lateral. Os argentinos pedem o fim na seleção de vários jogadores experientes, como Zanetti, Ayala e Veron.

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O Brasil não pode também se iludir e analisar apenas o último jogo. Em vez de "fechar com o grupo", como se diz no futebol, Dunga precisa abrir bem os olhos, enxergar mais longe e somente aproveitar as coisas boas que teve essa seleção.

Já imaginou se o Uruguai marcasse aquele pênalti ou se o arbitro mandasse repetir o outro defendido irregularmente pelo Doni? A história seria completamente diferente. O acaso é mais importante do que o nosso pretenso conhecimento.

Não sou previamente a favor nem contra qualquer profissional do esporte. Tento analisar somente os fatos. Não sou também formador nem manipulador de opinião. Tenho liberdade e nenhum constrangimento para elogiar e criticar a mesma pessoa.

Dunga recebeu críticas justas e merece também elogios. A escalação do Elano foi correta e mais ainda a sua substituição por contusão pelo Daniel Alves, que não era o reserva da posição. O time continuou forte na marcação e melhor ainda no contra-ataque, pois Daniel Alves tem mais velocidade e habilidade do que Elano. A maioria dos outros técnicos experientes colocaria o brucutu Fernando para segurar a vantagem.

Tudo deu certo para o Brasil. O gol espetacular do Julio Baptista no início ajudou bastante na postura do time. Dos quatro craques presentes, Juan foi o único destaque. Robinho foi discreto. Messi e Riquelme jogaram muito mal. Juan custou a Roma muito menos que o razoável zagueiro Milito ao Barcelona. Os times europeus, como brasileiros, adoram jogar dinheiro fora.

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O modelo de time do Dunga não deveria ser o que ganhou, com méritos, a Copa América, e sim o que deu show na mesma Argentina na final da Copa das Confederações, com Ronaldinho, Kaká, Robinho e um centroavante (na época foi Adriano). No Mundial de 2006, Robinho ficou de fora. A dupla era Adriano e Ronaldo.

Várias outras equipes foram também eficientes e equilibradas, mesmo jogando com quatro jogadores mais ofensivos do meio para frente. Para isso, o técnico terá de formar um esquema tático diferente do que atuou na Copa América.

Temos de sonhar com uma seleção excepcional e vencedora, mesmo que não dê certo, e não apenas com uma esporádica e eficiente equipe.