Na média de seus resultados e de acertos e erros, Dunga tem feito bom trabalho, melhor que se esperava para um treinador sem nenhuma experiência. Até agora, ele desmistifica o conceito de que para ser treinador de um grande time, principalmente da seleção brasileira, é preciso ter um longo currículo de vitórias e derrotas e ser um mestre de artimanhas e malandragens.

CARREGANDO :)

Como escreveu Pedro Nava, a experiência é como um farol iluminando para trás. Na frente, para um jovem ou para uma pessoa experiente, tudo continua escuro.

Já as entrevistas coletivas, transmitidas ao vivo pelas tevês a cabo, são uma chatice. Muitos repórteres só faltam pedir desculpa para perguntar e Dunga não diz nem explica nada. No final da primeira entrevista desta semana, o assessor de imprensa da CBF elogiou o comportamento dos repórteres. Só faltou alguém bater palmas de agradecimento.

Publicidade

Não é preciso cursar a faculdade para saber que isso não é jornalismo. É necessário haver respeito nas entrevistas, dos dois lados, mas não pode existir complacência nem cumplicidade.

Dunga inicia as Eliminatórias para o Mundial de 2010 com três possibilidades táticas que poderão ser usadas de acordo com o momento. A primeira será jogar com quatro defensores, dois volantes, três meias e um atacante. Esse jogador de frente não precisa ser, necessariamente, um típico centroavante, de referência. Ele precisa ser excelente, independentemente de suas características.

Outra boa opção, para ser utilizada, principalmente, quando o adversário adiantar a marcação, é colocar mais um jogador no meio-de-campo e tirar o centroavante, já que nenhum ainda convenceu, e deixar os três meias livres, com Kaká e Robinho, por serem mais velozes, um pouco à frente de Ronaldinho. No contra-ataque, com muitos espaços, os três vão deitar e rolar.

Outra alternativa é manter os três volantes e tirar um dos meias – em circunstâncias normais sairia Robinho –, mantendo o centroavante. Quase todos os treinadores europeus escalariam o time desta forma.

Independentemente da formação tática, Kaká, no Milan e na seleção, é cada dia mais atacante e menos armador, se destacando mais pelas arrancadas em direção ao gol e pelas finalizações. Com o tempo, Kaká exteriorizou sua agressividade e técnica de atacante, como os grandes pontas-de-lança da história do futebol.

Publicidade

Já Ronaldinho, no Barcelona e na seleção, se tornou mais armador e menos atacante, brilhando muito mais pelos passes espetaculares e decisivos. Com sua inventividade, cada dia mais ele pensa e comanda as jogadas no meio-de-campo, como os grandes meias-armadores da história.Em outras épocas, Kaká era o meia de ligação e Ronaldinho o segundo atacante da seleção. Trocaram de lugar. O mais importante é que os dois se completam. O que falta em um sobra no outro.

Após um ano de olhares desconfiados e hostis, Dunga, Ronaldinho e Kaká parecem estar em paz. Utilizar bem os dois terá de ser uma das metas do treinador.