Uma das vantagens do São Paulo sobre os outros times brasileiros é ter mais jogadores que atuam bem em várias posições. Com isso, o elenco pode ser menor, mais eficiente, além do clube gastar menos.

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No passado, havia também jogadores curingas. Lima, do Santos, na época de Pelé, atuou bem em todas as posições. Só não jogou no gol.

Todos os coringas possuem uma posição em que eles atuam melhor. A de Lima era de segundo volante. Estranhamente, nem sempre a posição que um atleta joga melhor é a que ele mais gosta.

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Ser um curinga ajuda no início de carreira, mas depois atrapalha. Dificulta o crescimento técnico. Os especialistas são hoje também mais valorizados, em todas as profissões.

Após atuar em vários lugares, Hernanes descobriu a posição de volante. Nessa função ele faz o que a maioria não faz. Além de marcar, passar, driblar, pedalar e finalizar bem, Hernanes comemora seus gols com belíssimas acrobacias, que aprendeu com a capoeira, em Pernambuco.

Os profissionais que tiveram várias profissões durante suas vidas e/ou desempenharam várias funções em uma mesma profissão, possuem mais chances de serem melhores especialistas do que os que não tiveram outras experiências.

A visão geral ajuda a entender e a enxergar mais e melhor os detalhes. Quem passa toda a vida olhando apenas de um jeito e para o mesmo lugar, fica viciado e não consegue enxergar as sutilezas, as belezas e outras coisas importantes que estão a sua volta.

Infelizmente, muitas pessoas desprezam a subjetividade, só querem saber de informações exatas, se você é a favor ou contra e se é um bom palpiteiro. "Não se produz pensamento; tomam-se partidos" (Bernardo Carvalho).

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Mesmo excelentes especialistas precisam também descobrir nos detalhes o seu melhor jeito de fazer as coisas. É isso que vai diferenciá-los, que irá criar uma identidade, uma marca. Um especialista não deve ser igual a outro.

Romário foi um gênio da área e da anteárea. Ele se colocava pela meia-esquerda. Tinha um olhar na bola e no companheiro e outro nos movimentos dos adversários. Em uma fração de segundos, mapeava tudo que estava a sua volta. O seu corpo ficava um pouco virado para o gol. No instante exato do passe, partia em diagonal para receber a bola na frente. Chegava sempre antes dos outros para fazer o gol.

Em uma cena da biografia romanceada de Charles Chaplin, ele, que em certa época era apenas um coadjuvante de uma companhia de cinema, entrou no almoxarifado e viu em lugares diferentes várias peças de vestuário. Seus olhos se iluminaram. Ele vestiu as roupas, que pareciam não ter nada a ver uma com as outras, e saiu andando. Nascia o genial Carlitos, o personagem que mais me encantou no cinema.

Não é preciso ser um Romário, um Pelé, um Charles Chaplin para alguém ter momentos de inspiração e experiências inesquecíveis, mesmo que esses instantes sejam insignificantes para os outros. Não é para você. Todos as vidas e todos os sonhos podem ser grandiosos e únicos.