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Uma das coisas que gosto no futebol é ver um time organizado, como os do Cruzeiro e do Corinthians. As duas equipes possuem laterais que apoiam bastante e, nem por isso, atuam com três zagueiros ou com um volante excessivamente recuado, quase como um zagueiro. Existe um sincronismo no apoio entre os laterais, entre os volantes e entre os laterais e os volantes.

São dois times que sabem o momento de trocar passes e o de acelerar em direção ao gol. Ninguém joga a bola na área para ficar livre dela ou para fazer um gol em uma bola espirrada, como é comum em outras equipes, como o Grêmio no jogo de quinta-feira.

Bom esquema tático é o que tem jogadores com características ideais para executá-lo. Essa é uma função importante do técnico. Como se vê, dou importância aos treinadores. Só discordo quando dão excessiva importância a algumas condutas que não têm nenhuma ou pouca importância.

Por atuarem no Corinthians e no Cruzeiro, duas equipes organizadas, vários jogadores evoluíram bastante, como André Santos e Leonardo Silva. Essa é uma das razões de um atleta jogar muito bem em um time e muito mal em outro.

O Cruzeiro atua com três volantes, mas os três têm mobilidade. Não se limitam a proteger os zagueiros. Ramires, com frequência, se transforma em atacante. Não gosto de equipes, como a do Inter, que possui três volantes, que quase só marcam, e três na frente, que quase só atacam. Fica muito previsível.

Nunca entendi o fascínio que existe por Guiñazu. É chamado de monstro. Ele é um bom jogador, raçudo, que desarma bem e que toca a bola para o companheiro mais próximo. Nada mais que isso. Ótimo jogador de meio de campo é Elias, que está presente em todo o campo, com habilidade e eficiência, ou Marquinhos Paraná, que joga um futebol tão simples e conciso, que muitas vezes fica despercebido.

O Corinthians joga o melhor futebol coletivo do país. Disse isso mais de uma vez, semanas atrás. Já era assim desde a segunda divisão. Ficou ainda melhor depois que Mano Menezes colocou Jorge Henrique de um lado, e Dentinho de outro. Os dois marcam atrás e, rapidamente, se tornam atacantes. Isso não é novidade. Muitos times europeus jogam dessa forma. No Brasil, o Corinthians é o único que faz isso bem.

Quarta-feira, na chegada do Inter ao estádio, estava entre os jogadores o engenheiro motivador Evandro Mota, contratado pelo time gaúcho e por vários clubes brasileiros. Contam que ele deu a mesma palestra, no mesmo dia, para os jogadores do Fluminense e do Paulista, de Jundiaí, em um jogo final da Copa do Brasil. Por indicação de Parreira, o Fluminense dispensou o trabalho de psicólogos para contratá-lo.

Não quero dizer que o trabalho emocional com os jogadores deve ser feito apenas por psicólogos. Vários técnicos e outras pessoas do clube têm condições de fazer isso bem. Às vezes, traz benefícios. Sou contra o exagerado prestígio que muitos treinadores, dirigentes e parte da imprensa dão a essas palestras óbvias, algumas vezes ridículas, de motivação. Parece um show.

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