Cruzeiro e Estudiantes fazem hoje o primeiro jogo decisivo. A Libertadores é o título mais importante e mais desejado pelos clubes brasileiros e argentinos.
Mesmo assim, a CBF, para atender aos interesses da Globo, adiou o jogo entre Corinthians e Fluminense para o mesmo dia e horário da partida da Libertadores. Para a Globo, o jogo pelo Brasileiro dá mais audiência no Rio e em São Paulo.
Estou curioso para saber qual das duas partidas será transmitida para outros estados, fora de Minas, Rio e São Paulo. Com certeza, será a que a Globo acha que vai dar mais audiência. Quem manda é o mercado.
Será que o torcedor paulista e carioca, que não torce para Corinthians e Fluminense, prefere ver o jogo do rival a Cruzeiro e Estudiantes?
Se outras TVs abertas tivessem o mesmo poder da Globo, fariam o mesmo. São empresas particulares que visam primeiro o lucro. O esporte é, cada dia mais, um espetáculo comercial. Infelizmente, é a realidade, em todo o mundo.
A disputa pela audiência é tão intensa que a Globo nem cita a realização de um importante jogo, se ela não for transmiti-lo. Outras emissoras seguem o mesmo caminho.
Como a partida entre Cruzeiro e Estudiantes será transmitida para Minas, a maioria dos mineiros não está nem aí para saber qual jogo vai passar no Rio e em São Paulo. Outros estão indignados, não só por isso. A indignação é também com os programas esportivos nacionais, de todas as emissoras, que falam pouco do jogo do Cruzeiro contra o Estudiantes, mesmo sendo uma decisão de Libertadores.
O bairrismo está presente em todos os estados. Desde que não existam exageros, o bairrismo é compreensível e uma maneira de estimular e preservar a vida e a cultura local. No interior da França, é difícil encontrar um bom e médio restaurante que tenha vinhos e queijos de outras regiões do país.
Quanto mais cresce a globalização, a comunicação e o desejo de romper as fronteiras físicas e afetivas e de ser um cidadão do mundo, paradoxalmente, aumenta o sentimento de pertencer a uma nação, a um estado, a uma cidade, a um bairro e a uma família. O encontro é sempre um reencontro com algo que vivemos e/ou imaginamos.
Muitas vezes, o bairrismo é tão estimulado pela imprensa local, que se transforma em uma paranóia coletiva. As pessoas passam a achar que existem planos diabólicos para prejudicar seu time e seu estado.
Como escrevo a mesma coluna para vários estados, recebo críticas, de uma minoria, que querem que eu seja um cronista bairrista, um cronista do Cruzeiro e/ou de Minas Gerais. Quando falo bem de jogadores e de times mineiros, certamente alguém vai dizer que protejo meu estado.
Vivemos a época do espetáculo e da audiência. Poucos querem saber de análises e de reflexões. Existe uma epidemia de idiotice. Os fatos se tornam importantes de acordo com a audiência. As pessoas passam a ser analisadas por seu comportamento pessoal, e não pelo que fazem. Alguns jornalistas não querem apenas dar e analisar a notícia. Querem ser a notícia. É o show da audiência.
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