Não dá para não se emocionar com o choro convulsivo e com as palavras humildes e sinceras do judoca Eduardo dos Santos.

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Logo após a derrota, Eduardo, que teve que fazer um grande esforço para ir às Olimpíadas por causa de dificuldades financeiras e da falta de estrutura do esporte brasileiro, pediu desculpas a todos, especialmente a seus pais. Ele se sentiu culpado, como se fosse um grande fracasso e tivesse tido uma falha moral por não conquistar a medalha.

Entre tantos sentimentos e diferentes opiniões que desperta, a Olimpíada estimula ainda mais as pessoas, atletas ou não, crianças e adultos, a acharem que só serão felizes se forem vencedoras, mesmo que sejam em pequenas coisas do cotidiano. Nesta busca pelo ouro e pelo aplauso, alguns passam por cima de tudo. O importante é sempre vencer. Competir e perder é um grande fracasso.

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A sala onde ficam os nadadores antes da disputa por medalhas, calados e olhando uns para os outros, é chamada de sala da morte. Quem perde, morre.

Tenho admiração pelos perdedores e também pelas pessoas tristes, inadaptadas, marginalizadas, e que, mesmo assim, levam a vida digna em um mundo indigno. É a maneira que tenho para criticar a sociedade que só valoriza os vencedores.

No mesmo dia em que Eduardo perdia em que Michael Phelps ganhava a terceira medalha de ouro, em um total de oito que pretende conquistar, a China confirmava os truques e maquiagens da Cerimônia de Abertura.

A voz da menina que encantou mais de quatro bilhões de pessoas, cantando "Ode à Pátria", não era dela. A voz era de outra menina, que foi preterida por não ser bonita.

O diretor da festa confirmou ainda que algumas belíssimas imagens mostradas na cerimônia, que todos achavam ser ao vivo, foram montadas antes em computadores. Tudo para o bem do país e para mostrar uma China moderna e poderosa. Isso não foi novidade. Em Barcelona, não foi a flecha atirada por um atleta que acendeu a pira olímpica, como todos pensaram no momento.

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A China, com esses e outros truques, entrou definitivamente e com grande sucesso no mundo do marketing, da simulação, em que o importante não é o que as coisas são, e sim o que parecem ser ou que outros pensam que elas sejam.

Em outras épocas, os comunistas diziam que os burgueses, mesmo os solidários, eram cúmplices e tinham sido engolidos pelo sistema capitalista. Hoje, as pessoas, mesmo as verdadeiras, são criticadas por participarem da sociedade das aparências, do espetáculo. "A vida dá muitas voltas. A vida nem é da gente" (João Guimarães Rosa).

Pirâmide

Se o São Paulo perder hoje, ficará 11 pontos atrás do Grêmio. Dificilmente, será campeão. O técnico Celso Roth, que adora a expressão mecânica de jogo, disse, na semana passada, que Souza fez muito bem a pirâmide com o companheiro. Ainda não entendi. No futebol, já tinha escutado palavras como quadrado, losango, triângulo, mas nunca tinha ouvido pirâmide. Será um novo esquema tático? Ou é apenas mais uma palavra para o dicionário futebolês?