José Sarney, em uma de suas inúmeras e indefensáveis defesas no Senado, quis sensibilizar os políticos e a população ao questionar quem não atenderia aos pedidos de uma neta, neto ou de um namorado de uma neta. Ele sabe que a maioria dos que o critica faz e faria o mesmo.

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O nepotismo e tantas outras re­­­lações interesseiras, perigosas, perniciosas e antiéticas, mesmo se não forem ilegais, acontecem, com mui­­­­­ta frequência, na política, na so­­­­ciedade e no esporte. "É dando que se recebe", uma praga nacional.

Muitas pessoas bem intencionadas não sabem, ou fingem não saber, o que é ético e/ou legal. Fa­­zem o que a maioria faz. É a lei da esperteza e da acomodação.

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É cada dia mais frequente, na administração dos clubes e nas comissões técnicas dos times de futebol, a presença de parentes e de convenientes amigos de técnicos e dirigentes. Assim, dirigentes de clubes, federações e da CBF se perpetuam no poder. Em alguns clubes, parentes se alternam no comando. No Cruzeiro, entra Per­­rella e sai Perrella.

A desculpa esfarrapada de to­­dos, no esporte e na política, é que precisam se cercar de pessoas de confiança.

O nepotismo tem que ser combatido, já é proibido no serviço público, mas há inúmeras outras relações tão ou mais perigosas.

Muitos dirigentes trabalham muito próximos de empresários. Um agente costuma administrar a carreira de um técnico e de vários jogadores que estão sob o comando desse mesmo técnico. Os conflitos de interesses são inevitáveis. Os técnicos falam que sabem separar as coisas. Parafraseando Caetano Veloso, de perto, ninguém é 100% íntegro.

Alguns jornalistas não escapam dessas relações perigosas. Gostam de ser amigos de jogadores, técnicos e dirigentes. Recebem informações privilegiadas e, em troca, no mínimo, não criticam suas fontes.

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É difícil até elogiar um jogador ou um técnico. Alguns empresários se aproveitam disso para valorizar seus clientes. Os agentes entopem os e-mails de comentaristas com ótimas informações sobre seus jogadores. Por isso e outros motivos, não coloco e-mail na minha coluna.

No Brasil, os profissionais são, a cada dia, mais valorizados pelas relações sociais e corporativistas que pela competência técnica.

A rede de interações é extensa e com dezenas de conexões. O ser humano está cada dia mais interligado, mais só e menos livre.

Críticas

Mesmo ainda fora de forma, Adri­­­a­­no ainda é o melhor reserva para Luís Fabiano. Faltam também bons reservas para Kaká e Robinho. Prefiro Grafite a Nil­­mar. Com o canhoto An­­­der­­son, que não foi novamente chamado, a seleção brasileira fez a me­­­lhor exibição sob o comando de Dunga, contra Portugal. Não há um armador que jogue mais pela esquerda.

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Dunga foi feliz ao criticar co­­­mentaristas que valorizam mais a tática que a técnica dos jogadores e, infeliz, por criticar os analistas que nunca foram atletas profissionais. Há vários excelentes, principalmente na ESPN Brasil. A técnica é o conteúdo, e a tática, a forma. A técnica é mais importante, mas não sobrevive sem a forma.