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Pela fria prancheta, que não sonha, não corre, não defende nem faz gols, São Paulo e Corinthians jogaram no domingo com esquemas táticos muito parecidos, com três zagueiros. Na prática, foram equipes bem diferentes.

Enquanto o Corinthians marcou muito atrás com oito jogadores, ficou acuado e deixou Nilmar e Rafael Moura isolados até a entrada do Roger, o São Paulo pressionou, tomou a bola com facilidade e chegou ao ataque com sete jogadores.

Logo após esse veloz e vibrante jogo, assisti ao sonolento clássico carioca entre Botafogo e Fluminense. Parecia numa partida disputada por jogadores com idade mais avançada e com menos preparo físico. Ou seria somente pelo calor?

Há anos escuto opiniões de que o futebol de hoje, por ser mais veloz do que o do passado, o que é verdade, deveria ser disputado por menos jogadores ou em campos maiores. Faltam espaços.

Mas nesse e em outros clássicos cariocas, tive a impressão contrária, que o gramado era muito grande para o número de jogadores. Sobravam espaços. Alguns tinham tanto campo para correr, que não sabiam o que fazer com a bola.

Talvez o futebol carioca seria melhor se os times tivessem mais jogadores ou se diminuíssem o tamanho dos gramados.

Tudo definido

Após a partida contra a Rússia, em que Ronaldinho Gaúcho foi substituído pelo Ricardinho e depois pelo Zé Roberto, entrando Edmílson de volante, aumentou a desconfiança de que o Parreira pode recuar até a Copa e acabar com o quarteto ofensivo.

Não houve mudança no desenho tático contra a Rússia. O time continuou no 4–4–2 durante toda a partida com dois volantes e um meia de cada lado. Mas mudou na prática. Ricardinho e depois Zé Roberto jogaram na mesma posição do Ronaldinho Gaúcho, mas nenhum dos dois chega com freqüência ao ataque. A melhor opção seria o Robinho.

Mas na visão pragmática e operatória do Parreira, Robinho é atacante e só pode entrar no lugar de outro atacante.

Se a seleção não for bem na primeira fase, Parreira poderá reforçar a marcação, com Edmílson ou Juninho ao lado do Émerson e Zé Roberto. Nos dois casos, Ronaldinho Gaúcho seria um dos dois atacantes.

Parreira já definiu o time para estréia com o quarteto ofensivo. Todos sabem a escalação. Isso costuma ser bom. No entanto, tenho receio das definições com muita antecedência. Os grandes times e as grandes coisas na vida acontecem de repente, em um piscar de olhos.

Boa e má fase

Muitas pessoas falam que Ronaldinho Gaúcho está em boa fase e o Ronaldo em má fase. Não vejo assim. Ronaldinho Gaúcho brilha com regularidade há vários anos.

Em novembro de 2004, escrevi que Ronaldinho Gaúcho estava reinventando o futebol. Em 2005, disse: "se ele continuar assim, dando show, vai ficar na historia, só abaixo do Pelé e no nível do Maradona".

Repeti quase as mesmas palavras na minha coluna de domingo. Só faltou o: "se continuar assim", pois acho que ele já está no nível do Maradona, independentemente do que jogar no mundial. Provavelmente, se ele não brilhar na Copa, essa não será a visão da história, que geralmente dá mais valor ao mundial do que a toda uma carreira.

Ronaldo não está em má fase, pois há anos que ele não brilha em varias partidas seguidas. Apesar de ter somente 29 anos, ele mudou, como acontece com todos os grandes atletas. Porém, Ronaldo foi tão fenomenal, que mesmo se ele jogar no mundial metade do que já jogou, será ainda melhor do que os outros atacantes. Isso é possível porque ele terá vinte dias para se preparar e a Copa é curta.

Além disso, é muito mais fácil ser campeão e artilheiro do Brasil do que de qualquer outra seleção.

Ronaldo e todos os grande craques do presente e do passado não precisam ficar preocupados. Todos serão lembrados. Independentemente de ganhar ou perder o mundial, a geração atual, incluindo o Romário, que foi campeã em 94 e 2002 e vice em 98, continuará tão excepcional quanto às de 58,70 e 82.

A vaidade das pessoas não pode ser maior do que as suas glorias.

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