Começa, hoje, a Copa Africana de Nações. Será ótimo ver as equipes que irão ao Mundial, especialmente a Costa do Marfim, adversária do Brasil na primeira fase. A África do Sul, anfitriã da Copa do Mundo, não se classificou para a Copa da África.
Por se sentirem próximas ou em casa, as seleções da África, até a fraca África do Sul, têm boas chances de passar para as oitavas de final da Copa do Mundo.
A Costa do Marfim, por ser uma equipe forte fisicamente, disciplinada e, principalmente, por ter vários excelentes jogadores, como Drogba e Yayá Touré, é a seleção africana com mais chance de brilhar no Mundial.
As seleções africanas, o Brasil e quase todas as outras vão jogar a Copa com uma linha de quatro defensores e marcando mais atrás para contra-atacar. É o futebol globalizado.
O Brasil, por ser a seleção com melhores jogadores para o contra-ataque, como Kaká, além de Robinho, Nilmar e, talvez, Ronaldinho, leva vantagem. Ronaldinho é o máximo no passe, e Kaká é o máximo nas arrancadas. Messi é uma mistura dos dois, mas não tão espetacular quanto Ronaldinho, no passe, nem tão eficiente quanto Kaká, nas arrancadas. Por ser mais baixo e menos forte, é mais fácil desequilibrar o jogador argentino.
Beckenbauer, ao falar que não gosta da maneira da atual seleção brasileira jogar, quis dizer que o Brasil vai jogar como as outras seleções, e não que o Brasil é um time defensivo. Beckenbauer e muitos europeus e brasileiros, como eu, gostariam de ver um Brasil diferente, com mais troca de passes, com um futebol mais bonito e, também, eficiente, mesmo correndo mais riscos.
Na Copa de 1994, após longa ausência dos estádios, impressionou-me a seleção da Nigéria. Nas oitavas de final, os africanos davam um baile na Itália, ganhavam por 2 a 0 e, aí, começaram a firular. A Itália empatou e eliminou a Nigéria, na prorrogação.
Na época, ficou a impressão de que, se os africanos mantivessem a fantasia e se tornassem mais disciplinados, seriam, em uns 10 a 15 anos, fortes candidatos a um título mundial. Dois anos depois, a Nigéria venceu Brasil e Argentina e ganhou a medalha de ouro olímpica. Isso reforçou a expectativa.
Na verdade, a geração da Nigéria de 1994 a 1998 era exceção. A Nigéria foi também campeã da Copa Africana de Nações de 1994 e passou às oitavas de final da Copa do Mundo de 1998. As seleções africanas têm poucos excelentes jogadores. A maioria é apenas razoável e atua em times pequenos da Europa.
A evolução do futebol africano não se realizou como se esperava. A África levou muitos treinadores europeus, ficou muito disciplinada, até demais, mas perdeu muito de sua fantasia.
Para se formar uma grande equipe, com muito talento individual e coletivo, é preciso unir a disciplina tática com a fantasia, o planejamento com a improvisação, a técnica com a inventividade. Não é uma coisa ou outra. Isso é importante em qualquer atividade. Assim, o Brasil ganhou cinco Copas do Mundo.
É necessário sonhar com os olhos abertos. "A linha reta não sonha" (Oscar Niemeyer).