O Inter enfrenta hoje o Chivas, do México, um time superior ao São Paulo. Fora de casa, o Inter precisa ter mais a posse de bola, que não teve no Morumbi. Não dá para apontar um favorito ao título da Libertadores.

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Não foi somente o futebol brasileiro que mudou, para pior, nos últimos tempos. Mudou também o olhar da imprensa. A partida entre Inter e São Paulo, no Morumbi, é um bom exemplo disso.

O São Paulo jogou com muita vibração, mas sem trocar três passes. Fez dois gols por acaso, um em uma falha do goleiro, e outro em um chute errado, com a bola caindo nos pés do companheiro. Com exceção de alguns lances individuais de Hernanes, o São Paulo só deu chutões e cruzou para a área, para se livrar da bola. O Inter tentou trocar passes, como costuma fazer, sem conseguir.

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Mesmo assim, o jogo foi bastante elogiado pelo narrador Cléber Machado, pelos comentaristas Caio e Falcão, da TV Globo, e em muitos programas esportivos. Jogo vibrante, mesmo feio e ruim, virou jogo sensacional. A cada dia, a imprensa se contenta com menos.

Será que existe uma recomendação, um ordem, em algumas tevês, para narradores e comentaristas falarem bem das partidas, para não cair a audiência? É preciso vender bem o espetáculo, mesmo que ele seja fraco.

Caio, comentarista da TV Globo, com sua cara de anjo barroco, menino bom, otimista, tecnicamente e politicamente correto, acha sempre tudo ótimo e pede até desculpas para criticar um ex-companheiro.

Por outro lado, mesmo com ótimos jogadores, as partidas excessivamente técnicas, táticas e com muitos passes curtos e para os lados, como vimos na Copa, tornam-se chatas. É preciso unir o talento e a estratégia com a emoção.

Pode-se vencer e perder com vários estilos. Para vencer, mais importante que o estilo é a qualidade dos jogadores e saber se foi bem executado o que foi planejado. O São Paulo, tricampeão brasileiro, jogava feio e com eficiência. Se o Fluminense continuar muito bem até o fim do Brasileirão, com um futebol leve e de troca de passes, Muricy vai mostrar que sabe armar um time de várias maneiras. Ele será ainda melhor.

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O Brasil deveria recriar seu estilo de jogar, que não precisa, necessariamente, voltar ao passado nem repetir o que fez a Espanha. Para isso, a imprensa tem também de mudar seu olhar sobre futebol.