Na segunda-feira, assisti a uma bela entrevista do Bernardinho no programa Roda Viva da TV Cultura.

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O treinador falou novamente sobre a sua obsessão pelo mais que perfeito, pelo treinamento no limite máximo dos atletas, pela busca de conhecimentos científicos, pelo uso do favoritismo para incentivar os jogadores, pela importância do jogo coletivo, pela formação de uma competente comissão técnica, pela concentração máxima dos jogadores durante a partida e tantas outras coisas importantes.

Bernardinho é a maior referência de excelência no esporte. Apenas discordo dos que querem criar um único modelo, o do Bernardinho ou o do Felipão no futebol, como estilo de competência. Há muitas maneiras de ganhar e de perder. Cada um tem o seu jeito de ser e de fazer. É preciso incentivar a diversidade em todas as atividades.

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Um treinador pode ter uma relação democrática com os atletas – outra virtude do Bernardinho – ser calmo, contido e também contundente, enérgico, rápido e eficiente nas decisões. Em alguns profissionais, a vibração é interna, não se exterioriza.

Nesse período de sucesso do vôlei e do fracasso da seleção de futebol na Copa, é exaltada a seriedade, dedicação e a garra dos atletas de vôlei e bastante criticado o desinteresse e apatia dos jogadores de futebol.

Não é tanto assim. Esquecem que nas últimas quatro Copas, o Brasil ganhou duas, foi vice em uma e só fracassou na última. Os atletas de futebol são também guerreiros e vitoriosos. Apenas tiveram um péssimo momento na Alemanha, por variados motivos.

Além disso, o Brasil perdeu para a França, que tinha Zidane, Thuram, Vieira, Makelele e Henry, jogadores de primeiro nível do futebol mundial.

Quando um time é amplamente dominado taticamente, como o Brasil contra a França no Mundial da Alemanha, os jogadores costumam ficar apáticos, sem saber o que fazer. Isso já ocorreu outras vezes, como na final do Mundial de 98 contra a França, mesmo com a presença do guerreiro e capitão Dunga.

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Como regra, os craques brilham quando atuam em equipes organizadas e nas suas posições corretas, o que não ocorreu na Copa com Kaká e Ronaldinho Gaúcho.

Algumas pessoas contestam essa minha opinião ao dizerem que eu, Rivellino e Piazza jogamos fora de nossas posições na Copa de 70.

Foi diferente. Nós três só seriamos titulares se trocássemos de posição. Caso contrário, seríamos reservas de Pelé, Gérson e Clodoaldo. Os dois principais jogadores, Pelé e Gérson, atuaram como nos seus clubes. Individualmente, joguei também pior do que no Cruzeiro.

O vôlei é também um esporte muito mais preciso e previsível do que o futebol. Quase tudo que é treinado pode ser repetido no jogo. No futebol, há dezenas de variações. Além disso, jogar com as mãos é bastante diferente do que com os pés.

Na entrevista à TV Cultura, Bernardinho mostrou novamente que é muito mais do que um grande técnico. É uma pessoa muito bem preparada, informada sobre tudo que acontece no mundo e que sabe utilizar conhecimentos de outras áreas no seu trabalho de treinador.

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Bernardinho só não respondeu a uma pergunta, a da jornalista Mariana Lajolo, da Folha, sobre como ele se sente em ser um astro, um garoto-propaganda.

O técnico mudou de assunto. Foi uma distração ou um ato falho, um desejo inconsciente ou consciente de não tocar em algo que o incomode, mesmo sem motivo, já que não há nada de errado em ser famoso, garoto-propaganda e ganhar dinheiro(?).

tostaocoluna@hotmail.com