Com Bulgária fora da Copa, Stoichkov torce pelos amigos Dunga e Maradona

Nos anos em que vestiu a camisa 8 do Barcelona, Hristo Stoichkov se acostumou a tratar a bola sem cerimônias. Hoje faz o mesmo com alguns dos nomes que, como ele, construíram a história do futebol nas décadas de 80 e 90. Maradona é chamado de Diego. Dunga é apenas Carlos, seu primeiro nome. E Romário... Bem, para Stoichkov, Romário é simplesmente o cara.

"Sempre digo que o melhor brasileiro que eu vi jogar foi o Romário. Ele era genial, um dos melhores de todos os tempos", elogia, relembrando o histórico ataque que os dois formaram no Barcelona.

Nesta semana, o búlgaro teve a oportunidade de rever um de seus velhos amigos. Durante a visita à Universidadede Pretória, onde a Argentina vai treinar durante a Copa do Mundo, Maradona fez questão de ir cumprimentar Stoichkov, que comandava um treino de seu time, o Mamelodi Sundowns, num campo ao lado.

Os dois antigos craques do Barcelona, recentemente transformados em treinadores, conversaram à beira do campo sobre futebol durante uns 15 minutos - Stoichkov em um espanhol impecável, fruto dos tempos de Barcelona.

Maradona se despediu com abraços, beijos, disse "te quiero mucho" e foi embora. Stoichkov continuou comandando o treino e depois bateu um papo com o GLOBOESPORTE.COM.

GLOBOESPORTE.COM: Como você avalia o trabalho de Maradona à frente da seleção argentina?

Stoichkov: Diego está calando a boca de muita gente. O que as pessoas não entendem é que jogar futebol não é fácil e montar um time competitivo também não. Há muitas críticas injustas, é preciso ter mais respeito com Diego. Ele sofreu, mas conseguiu a classificação. Mostrou que com trabalho e sacrifício é possível conseguir as coisas. Podem falar mal dele, mas ele está na Copa do Mundo.

Maradona disse nesta semana que gostaria de ver Ronaldinho na Copa do Mundo. Você acha que Ronaldinho merece a convocação?

Aí depende. Antes você precisa ver do que o Brasil precisa e do que o Carlos (Dunga) precisa. Mas é, sem dúvida, um jogador sensacional. Há um "antes" e um "depois" do Ronaldinho no futebol.

Então pra você Ronaldinho é o melhor das últimas décadas?

Olha, eu sempre digo que o melhor brasileiro que eu vi jogar foi o Romário. É difícil comparar os jogadores, falar dos melhores de todos os tempos, porque cada jogador se destaca em uma época diferente. Mas certamente Pelé, Maradona e Romário estão entre os melhores. São meus amigos, gosto muito dos três, e foram gênios.

E você estaria na lista dos melhores de sua época?

Eu não me coloco em lista nenhuma, mas se você quiser me colocar tudo bem, eu agradeço. (risos)

Qual sua opinião sobre o desempenho do Dunga no comando do Brasil?

Carlos tem feito um trabalho fantástico, mostrou isso na Copa das Confederações. Ele é uma grande pessoa, um grande profissional, sério e competente, e merece todo o sucesso na Copa do Mundo. Está trabalhando muito para isso e tenho certeza de que vai se sair muito bem aqui.

O Brasil chega como favorito à Copa? Quais são eles?

Acho que os favoritos são Brasil, Argentina, Itália, Alemanha, Inglaterra... A Espanha também é, mas é bom lembrar que eles ainda não ganharam o Mundial, há que se ter os pés no chão. Acho que os africanos também vão chegar bem, principalmente Camarões, Gana e Costa do Marfim. Não sei se vão até à final, mas acho que pelo menos até as quartas. A África do Sul também não pode ser desprezada, porque, afinal, joga em casa.

Você já está trabalhando como técnico na África do Sul há seis meses. O que espera da Copa do Mundo?

Será um grande Mundial, tenho certeza. A África do Sul possui uma infraestrutura espetacular, os campos são ótimos, não vai faltar nada. E os estádios estarão cheios, sem dúvida, porque os africanos são apaixonados por futebol.