Jogo com cara de treino, público de amistoso, placar de pelada, mas de uma emoção histórica para o Taiti. Uma equipe amadora, contando com apenas um jogador profissional (Vahirua) e derrotada por 6 a 1, conseguiu arrebatar os mineiros na estreia de segunda-feira (17), na Copa das Confederações.
A goleada imposta pela Nigéria, no Estádio Mineirão, não foi suficiente para acordar os taitianos do "conto de fadas", como definiu o técnico, Eddy Etaeta, sobre a oportunidade de representar o pequeno país da Oceania no torneio-teste da Fifa, preparatório para a Copa do Mundo de 2014.
O duelo mais ignorado pelos fãs na primeira fase da disputa apenas 17 mil ingressos foram vendidos antecipadamente, resultando em um encalhe de 36 mil tíquetes acabou aquecido pelo público que resolver "adotar" os polinésios. A conquista dos fãs de Belo Horizonte começou com a emocionante execução do hino taitiano, quando o treinador e alguns atletas choraram abertamente, emocionando parte do público.
A esperada fragilidade técnica foi escancarada logo aos cinco minutos, quando Echiejile mancou o primeiro da Nigéria. Aos 10, já estava 2 a 0, com a contribuição de Odumadi, que fez três na partida.
A (falta de) qualidade foi relevada para as arquibancadas, de onde os fãs arriscaram até um "olé" quando os taitianos trocaram mais de três passes e entoavam outros coros de apoio caridoso como "Uh, terror, o Taiti é matador", ou "Vamos virar Taiti", quando Tehau marcou e deixou o placar em 3 a 1. Uma festa no estádio e missão cumprida para o Etaeta que, humildemente, havia estipulado a marcação de um gol como a grande meta para a seleção durante a disputa da Copa das Confederações.
"Sabemos das nossas possibilidades. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores. Nos acostumamos a apenas assistir a esses grandes eventos pela tevê e hoje [ontem] estamos sendo os protagonistas", declarou o comandante, que terminava todas as respostas na entrevista coletiva com um "obrigado", em inglês. Mas usou o português para agradecer o inesperado apoio da torcida, que surpreendeu até os nigerianos. "Só tinha torcedores do Taiti, ou resolveram apoiá-los", comentou Oduamadi, eleito o melhor jogador da partida.
"Fiquei muito surpreso e contente com a alegria da torcida. Eles gritaram os nossos nomes. Ganhamos o coração dos brasileiros", reafirmou o técnico. Ele admitiu que sua equipe perdeu feio. Para não ficar pior, pediu respeito à Espanha, próxima adversária, quinta-feira, no Maracanã. "A Espanha vai nos respeitar como espera ser respeitada. A preocupação deles será em vencer, mas não em nos golear", espera.
Já o técnico nigeriano, Stephen Keshi, comemorou o resultado e garantiu que o impasse sobre a as premiações que atrasaram o embarque da equipe para o Brasil está resolvido, apesar de os jogadores terem indicado que irão retomar as cobranças contra a Federação Nigeriana após a disputa no Brasil. A equipe enfrenta o Uruguai, também na quinta-feira, em Salvador.