| Foto: Sossella

Coxa x Santa Cruz

O treinador acredita que essa confusão não irá interferir no desempenho do time no sábado. "A gente levou bem tudo isso e espero que não nos atrapalhe. Acho que não vai nos ajudar, mas não tenho certeza se não irá nos atrapalhar".

Nesse ponto Vialle concordou com René. "Não acredito que atrapalhe. O grupo tá unido, independente de mim, do René e de qualquer outro. O grupo é responsável por termos chegado até aqui". O diretor aproveita para garantir que nunca interferiu no trabalho do treinador. "Até agora jamais a diretoria ou eu impusemos qualquer tipo de escalação de jogadores por exemplo. Todas as decisões, erros, acertos e tudo mais foi competência e do treinador".

CARREGANDO :)

O técnico René Simões não será o técnico do Coritiba para a temporada 2008. O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira e acabou tumultuando o ambiente no CT da Graciosa. Comandante do Alviverde desde as primeiras rodadas da Série B do Brasileirão, René foi um dos principais responsáveis pela volta do Coxa à elite do futebol brasileiro. O destino do treinador será a Jamaica.

Publicidade

Um dos motivos pela saída de René Simões - senão o principal - é o péssimo relacionamento que o treinador e o diretor de futebol João Carlos Vialle estão tendo há algum tempo. A gota d´água para que o anúncio de sua saída fosse feito nesta quarta foi uma reunião convocada por Vialle para comentar sobre a saída do treinador, fato que ele (René Simões) vinha mantendo em "segredo".

A reunião convocada por Vialle, sem a presença de René Simões, irritou o comandante alviverde. "Não entendo essa inabilidade de chegar e dois dias antes de um jogo tão importante dizer isso para os jogadores. Faz o jogo e depois fala. Não tinha porque comentar isso agora. Para mim foi uma inabilidade. Mas paciência, isso também acontece nas famílias", afirmou René.

Apesar de já ter decidido sair (especula-se que René já tenha contrato assinado com a seleção da Jamaica há mais de um mês) ele preferiu contar para os jogadores somente após o término da Série B.

Segundo o treinador, a idéia era não tirar o foco do título. "Desde que nos classificamos, comentei com o presidente (Giovani Gionédis) que não tinha mais interesse em continuar se as coisas continuassem como estavam (atritos com Vialle). Quando ele falou que não seria mais presidente, disse que eu também não ficaria. Sonhei em ser o Mano Menezes do Coxa, mas assim não dá pra continuar".

Vialle se defende

Publicidade

O diretor de futebol do Coritiba se defendeu. "Sentindo a possibilidade de perder o campeonato, fiz uma reunião com os jogadores para tratar de vários assuntos. Férias, data para renovações de contrato e outras coisas. Disse para eles que se houvesse algum problema entre os jogadores comigo, com a diretoria ou com o treinador, que estaria saindo, eles tinham que falar. Foi isso que eu disse, apenas para os jogadores. Depois disso ele convoca uma coletiva e fala tudo isso. Será que não foi ele o inábil?", disse à Rádio Banda B.

René comentou que vem sofrendo para administrar a crise com Vialle. "Tenho 54 anos e anos de estrada. Suportei bem todo esse clima, mas foram muitas noites sem dormir. Gosto de trabalhar congregando, mas não desse jeito. Acho que consegui suportar e até disfarçar bem pelo bem do Coritiba".

Cobranças foram o estopim do "climão"

Os atritos entre René e Vialle começaram após a derrota do Coritiba por 4 a 1 para o Fortaleza. Segundo o diretor de futebol alviverde, depois de ser cobrado pelo resultado o treinador teria se sentido ofendido. "O relacionamento ficou estremecido após o jogo contra o Fortaleza. Tivemos uma reunião e eu disse para ele que se perdêssemos as próximas duas partidas, teria que demiti-lo. Ele ficou revoltado e desde então não falou mais comigo".

Logo depois da virada do turno, um incidente causou bastante polêmica no Alto da Glória. Um dirigente (que depois de muito tempo soube-se tratar do presidente Gionédis) entrou nos vestiários reclamando muito do treinador e questionando seus métodos de trabalho, além de gritar ofensas e xingamentos. Naquela noite René teria colocado o cargo à disposição.

Publicidade

Segundo ele, uma conversa com o ex-técnico alviverde Antônio Lopes o fez mudar de idéia. "Quem me convenceu chama-se Antônio Lopes. Liguei para ele e não o encontrei. No dia seguinte, quando almoçava com o Vialle (para tratar da sua saída) o Lopes me ligou e me convenceu a ficar. Disse que o Gionédis era assim mesmo, que às vezes era duro com as palavras, mas que era uma boa pessoa, que ainda seria amigo dele e que deveria continuar com meu trabalho. E foi isso que aconteceu"

O diretor de futebol João Carlos Vialle não corrobora com essa afirmação. O próprio Vialle teria convencido René a ficar. "Ele foi demitido pelo presidente. Quando liguei, ele me disse que não adiantava eu falar nada porque não teria volta, tanto é que foi convocada aquela coletiva. Naquele almoço conversamos e eu o convenci a ficar. Agora ele quer dizer que foi o Lopes. Infelizmente cada um diz o que quer. Naquela época ele não quis dizer quem o convenceu e eu nem ligo, já que quero o bem maior do Coritiba. Mas se ele disse isso, paciência".