Felipão estava no banco brasileiro na última vez que um jogador marcou gols em todas as partidas da primeira fase de um torneio. Foi Ronaldo na arrancada para a conquista do penta mundial em 2002. No retorno à seleção, o treinador teve a sorte de encontrar uma nova referência, o craque em falta desde que o Fenômeno saiu do auge. Neymar está sendo decisivo. Com o gol de falta sábado (22) sobre a Itália, fechou a conta de bolas na rede nos três jogos do Brasil até agora na Copa das Confederações.
Não foi uma atuação brilhante como a do jogo anterior contra o México. Mas ele foi brigador o jogador que mais cometeu e sofreu faltas em campo e voltou a aparecer quando o time mais precisava. A Itália havia acabado de empatar no início do segundo tempo. O Brasil levava seu primeiro gol no torneio e poderia acusar o golpe. Mas Neymar não permitiu. Ele cavou falta em disputa com Maggio e enganou Buffon ao bater no canto do goleiro. A partir dali a seleção não perderia mais a vantagem até comemorar a vitória por 4 a 2.
"É um ídolo do povo brasileiro e de todos que nós que gostamos do futebol e da genialidade. Nota que o Buffon dá um passo para o lado e ele bate em cima dele. Só quem é um gênio tem essa noção e faz a diferença", rasgou elogios Felipão. O povo concorda: pela terceira vez Neymar foi escolhido o melhor em campo na votação no site da Fifa.
Mas não mudou o discurso. "Fico feliz em ajudar a seleção, seja com gol, com passe, o importante é ajudar". Ou movimentação. "Não só minha, como da equipe. Estamos fazendo isso muito bem no ataque. A troca de posições entre eu, o Oscar, o Fred e o Hulk dificulta muito para o adversário."
Ou ainda brigando muito para manter ou recuperar a bola. Ele fez cinco faltas e sofreu oito diante dos italianos. Em uma sobre o lateral italiano Abate, levou amarelo e viu o adversário deixar a partida. "Algumas [cometidas] acho que não foi nem falta. No lance do Abate foi mais uma dividida em que ele caiu de mal jeito. Espero que não seja nada", se explicou.
O cartão e a falta de jeito de Neymar na marcação levaram Felipão a tirá-lo cedo de campo, aos 24 minutos do segundo tempo, substituído por Bernard. "Tem levado muitas faltas e cometido porque é franzino e não tem posicionamento para parar uma jogada. Vai na bola um pouco descoordenado. Saiu porque já tinha feito mais uma e nunca se sabe o que juiz vai pensar", disse o treinador.
Ele fez a substituição quando o Brasil havia acabado de marcar 3 a 1. Mas deve ter se arrependido ao ver a Itália diminuir e partir para cima de um Brasil que havia perdido força ofensiva com a saída de seu principal jogador. Menos mal que ainda veio o quarto o gol e Neymar, fora de campo, não correu o risco de ser expulso e perder a semifinal.