A tática é velha na prancheta de Joel Santana e conhecida dos adversários. Mas parece dar certo nos momentos decisivos. Com um time guerreiro, mas limitado com a bola nos pés, o Botafogo procura explorar a força aérea de Loco Abreu. Foi assim que o Alvinegro surpreendeu os favoritos e venceu a Taça Guanabara. E foi assim, também, que a equipe venceu, neste sábado, o Fluminense por 3 a 2, no Maracanã, e se classificou para a final da Taça Rio. O xodó Caio, novamente, fez o gol decisivo. O lance, porém, foi irregular. Herrera, que estava impedido, participou da jogada.
Com o resultado, o Botafogo está a uma vitória do título carioca. Como venceu o primeiro turno, o Alvinegro conquista o campeonato se ganhar também o segundo. Agora, o clube aguarda o duelo entre Flamengo e Vasco na outra semifinal para conhecer o rival na decisão. O Fluminense está eliminado. A última vez que uma equipe conquistou as Taças Guanabara e Rio e, consequentemente, foi campeã estadual sem a necessidade da final foi em 1998, quando o Vasco venceu os dois turnos.
Loco Abreu, Fahel e Caio marcaram os gols do Botafogo, todos após cruzamentos para a área. Fred, duas vezes, fez para o Fluminense. O artilheiro tricolor ainda perdeu um pênalti, no primeiro tempo. A partida foi emocionante. Pena que apenas 23.445 pessoas estiveram no Maracanã para acompanhar o clássico. O Botafogo saiu na frente, o Fluminense virou para 2 a 1 e o Alvinegro, no segundo tempo, fez 3 a 2.
O Botafogo mostra também ser um algoz do Fluminense nos últimos anos. Nos confrontos recentes em jogos decisivos no Estadual, o Alvinegro leva grande vantagem. Na semifinal da Taça Guanabara de 2008, o time de General Severiano venceu por 2 a 0; na decisão da Taça Rio do mesmo ano, nova vitória: 1 a 0. Em 2009, na semifinal da Taça Guanabara, o Botafogo novamente venceu por 1 a 0.
Fred de vilão a herói em poucos minutos
Antes de a bola rolar, o árbitro Péricles Bassols Cortez determinou um minuto de silêncio em respeito às vítimas no Rio de Janeiro por causa das chuvas que castigaram o estado nesta semana. Segundo o Corpo de Bombeiros, até o início da noite deste sábado, foram encontrados 221 mortos.
Sem Lucio Flavio, que operou o dedo mínimo da mão esquerda, o técnico Joel Santana optou por uma escalação mais defensiva. O Botafogo dependia, mais do que nunca, da força aérea do uruguaio Loco Abreu. Arma previsível, mas que parece ser difícil de anular.
Aos quatro minutos, Cássio fez falta em cima de Herrera pela direita. Túlio Souza foi cobrar. Antes de cruzar, o meia deu uma paradinha e enganou a defesa tricolor, que se adiantou e saiu da marcação. Mas o zagueiro Gum ficou parado na área dando condição a cinco jogadores alvinegros. Loco Abreu, na primeira trave, desviou de cabeça sem chance para Rafael. A bola entrou carinhosamente no canto direito. Botafogo 1 a 0. Foi o 12º gol do uruguaio com a camisa do Botafogo, o sexto de cabeça. Na comemoração, todos os jogadores que estavam no banco de reservas foram abraçar Tulio Souza, que apontava para o técnico Joel Santana, mostrando que a jogada ensaiada tinha dado certo.
O jogo era bastante movimentado. E o Fluminense teve a chance de empatar em seguida. Aos oito minutos, Conca deu primoroso toque para Júlio César, que rolou rasteiro para o meio da área. O zagueiro Fábio Ferreira foi afastar o perigo, mas a bola bateu na mão do companheiro Leandro Guerreiro. O árbitro Péricles Bassols Cortez interpretou que o volante mudou a trajetória da bola e marcou pênalti. De nada adiantaram as reclamações dos alvinegros.
Fred, que retornava ao time depois de três semanas se recuperando de um estiramento na coxa direita, pegou a bola. Logo o atacante que não teve um bom rendimento nos treinos durante a semana. Na quinta-feira, o ídolo tricolor bateu 14 pênaltis e só converteu oito. Na sexta, foram quatro cobranças e só uma no fundo da rede. Há quem defenda que "treino é treino, jogo é jogo". Mas parece que pênalti é tão loteria assim. Fred correu calmamente e soltou a bomba. A bola subiu muito e explodiu no travessão. E o Botafogo continuava na frente.
Quatro tricolores, que estavam com uma faixa "Lutem até o fim!" nas cadeiras inferiores para incentivar os jogadores, pareceram desanimar após o pênalti perdido. Fred passou a ser insultado por alguns torcedores. Por pouco tempo. O futebol encanta por conseguir transformar heróis em vilões e vilões em heróis novamente em pouco tempo. Em cinco minutos, os torcedores voltaram a gritar com todo entusiasmo "O Fred vai te pegar!".
Aos 27 minutos, Diguinho avançou como quis, com toda a tranquilidade, e cruzou. Antonio Carlos deu uma de "zagueiro-amigo" e escorregou. Falha fatal. Fred, sem pular, cabeceou no canto esquerdo de Jefferson para empatar a partida. O goleiro alvinegro só olhou a bola entrar. Na comemoração, o artilheiro correu para a torcida e parecia desabafar. A virada veio aos 32. Diguinho lançou Alan, que dominou na área e rolou rasteiro para Fred. O atacante dominou e girou sem ser incomodado por Fábio Ferreira. Chute rasteiro no canto direito, sem chance para o goleiro Jefferson. Fluminense 2 a 1. Foi o nono gol de Fred na temporada. E o quarteto tricolor das cadeiras inferiores voltou a balançar com todo orgulho a faixa "Lutem até o fim!" para os jogadores.
Diante de um Botafogo sem criatividade no meio-campo, o Fluminense dominava a partida. Conca também quase marcou. Chute rasteiro que o goleiro Jefferson se esticou todo para defender. O jogo ficou duro. Foram seis cartões amarelos no primeiro tempo. Quatro para alvinegros e dois para tricolores. Mas faltava critério. Fahel acertou o tornozelo de Fred e não foi advertido.
O medo de perder parecia tirar a vontade de o Botafogo ganhar. O Alvinegro se resumia a uma única jogada, que poderia ser chamada de tática Santos Dumont. Era só bola aérea. Qualquer falta era chuverinho contra o gol de Rafael. Não importava se era quase do meio-campo. Todos os alvinegros corriam para a área e a bola viajava longamente. Mesmo assim os tricolores sempre se enrolavam.
Aos 35 minutos, uma chance de ouro para o Botafogo empatar. Sandro Silva cruzou, e Rafael saiu mal. Loco Abreu ganhou do goleiro de cabeça e a bola foi limpa para o zagueiro Fábio Ferreira. Mas a cabeçada do jogador alvinegro foi para fora, por cima do travessão.
Já aos 48 minutos parecia um replay. Falta na intermediária. Chutão para a área do Fluminense. Herrera dominou com a ajuda dos dois braços e chutou forte. Bola na rede tricolor e gol bem anulado pelo árbitro. Péricles Bassols, porém, deveria ter expulsado o atacante argentino, que já tinha cartão amarelo. E o primeiro tempo terminava.
Virada alvinegra pelo alto
O Botafogo voltou para o segundo tempo mais ofensivo. Caio e Edno entraram nos lugares de Túlio Souza e Sandro Silva. O jogo ficou mais aberto. Logo no primeiro minuto, Mariano arriscou de fora da área, a bola desviou e quase encobriu o goleiro Jefferson.
A resposta veio em seguida. Mas o lance mostrou a limitação do Botafogo com a bola rolando. Em um contra-ataque em que tinha quatro alvinegros contra três marcadores, Herrera demorou para soltar a bola. O toque foi para Loco Abreu, que rolou para Caio. E o alvinegro deixou a defesa se recompor e foi desarmado.
O Fluminense era mais organizado apesar de Conca estar bem marcado por Leandro Guerreiro. Alan teve a chance de ampliar para o Fluminense. Após passe de Fred, o atacante chutou com força por cima do travessão.
Ao Botafogo restava a tática Santos Dumont. E o Fluminense facilitava. Abusava das faltas desnecessárias. Na primeira, Gum conseguiu cortar. Na segunda foi Fred. Mas na terceira aconteceu o empate. Aos 15 minutos, Edno cruzou para a área, a defesa do Fluminense não se achou e Rafael ficou no meio do caminho só olhando. A bola sobrou para Fahel, que tocou fraco para o gol. Mas o chute foi bem colocado. E o goleiro tricolor não chegou. A bola nem chegou a estufar a bola. Tudo igual: 2 a 2.
E a virada só poderia ser de uma forma: bola alta para a área. Caio aproveitou a sobra após cobrança de escanteio e chutou de fora da área. O atacante Herrera, que estava impedido, abriu as pernas, participou da jogada e atrapalhou o goleiro Rafael, que só observou a bola entrar no canto direito. O árbitro Péricles Bassols, apesar da enorme reclamação dos tricolores, validou o gol. Botafogo 3 a 2.
Em desvantagem, o Fluminense partiu para a pressão. Mas Fred já estava cansado, com as meias arriadas e reclamava mais do que jogava. Conca tentava, mas não tinha direção nos chutes. Quando a bola ia para o gol, Jefferson salvava o Botafogo. Foi assim no chute de Everton. E o Alvinegro está na final da Taça Rio. Para a alegria de Joel Santana, que comemorou muito o fim da partida.
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