A nova Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol (FPF) nomeada na semana passada, em meio à suspeita de corrupção no apito estadual nasceu em desacordo com as orientações da Fifa.
Segundo o órgão que dita as regras do esporte no planeta, faz-se obrigatória a presença de ex-árbitros ("com vasta experiência") na cúpula do apito. A decisão aparece na circular 763, divulgada em julho de 2001, mas não prevê sanções específicas para quem a contraria.
Após a crise do "Bruxo" (alcunha do responsável por operar o suposto esquema de compra de arbitragem), a FPF colocou à frente da arbitragem três dirigentes sem nenhuma história como juiz de futebol: Henrique Mehl, Dilon Valdrigues e Paulo César da Silva.
"Foi uma decisão emergencial, feita em cima da hora. Ficou complicado encontrar alguém para dar essa contribuição. Na história da Federação, sempre tivemos pessoas ligadas à função no comando deste departamento", disse Onaireves Moura, presidente da FPF.
"Passado esse período de investigações, poderemos voltar com o Valdir de Souza (o ex-chefe da Comissão que pediu afastamento, assim como outras cinco pessoas ligadas a ele, durante o inquérito do mensalão). Também estudaremos trazer alguém especializado na área. É preciso se restabelecer antes de buscar um nome", completa.
Apesar da justificativa, há quem cobre uma rápida providência sobretudo devido ao momento delicado da categoria, envolvida em denúncias de propina.
É o caso do ex-árbitro Valdir de Córdova Bicudo, hoje superintendente da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo. "Sou favorável à criação imediata de um colegiado. Só assim resolveremos essa situação caótica no campo ético e moral. Ex-profissionais como Ivo Tadeu Scatola, Luís Carlos Pinto de Abreu, Valdir Festugato, Tito Rodrigues e José Carlos Megher teriam todas as condições de moralizar tudo isso", sugere.
José de Assis Aragão, atual presidente da Associação Nacional dos Árbitros (Anaf), lamenta a falta de isenção. "Com certeza estão colocando gente ligada de alguma forma às equipes. Infelizmente, essas pessoas podem agir com o coração e não com a razão", adverte. Paulo César da Silva surge como candidato à presidência do Paraná; e Dilon Valdrigues veio do Combate Barreirinha, time amador de Curitiba.
Moura refuta essa ameaça na imparcialidade. "Todo mundo tem histórico de filiação a algum time. Eu mesmo tenho. O que vale não é o passado, mas o presente. Mesmo que eles sejam conselheiros de alguma associação, não exercem função administrativa", defende.
Amanhã, às 14 horas, na sede da Federação, ocorre o sorteio da escala de árbitros para a primeira rodada da segunda fase na Série Prata (Segunda Divisão do Paranaense). Será a primeira ação efetiva da saída provisória que afronta a entidade máxima do futebol.