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Felipão passava a imagem de ultrapassado. Seus últimos trabalhos diziam isso. Mas o que fez com a seleção brasileira em tão pouco tempo provou o contrário. Ou melhor, provou que não é necessário ser um grande estudioso do futebol ou mago das táticas. Nem para superar a equipe que domina o futebol mundial há cinco anos. Em muitos casos, e esse título da Copa das Confederações ficará marcado como um clássico, ter um time – além de organizado – confiante e intenso é muito mais importante.

A confiança veio justamente da presença do pentacampeão mundial Luiz Felipe Scolari no banco. Vários jogadores deixaram no ar durante a campanha um pensamento, e Daniel Alves foi mais direto na véspera da decisão com a Espanha ao declarar: "Era essa referência que a gente estava precisando".

O antecessor Mano Menezes tinha um perfil mais tático e já usava com frequência nove dos atuais titulares. Precisa ser reconhecido por ter iniciado a renovação após a passagem de Dunga e montado a base que faz sucesso agora. Mas faltava o status de Felipão. Consequentemente, a capacidade de convencer um time com grandes astros a comprar sua ideia.

A intensidade partiu disso. E foi elevada pela conexão estabelecida com a torcida, tendo como ponto alto o arrepiante coro do Hino Nacional e o massacre sobre os adversários nos primeiros minutos. Mesmo um time em alta rotação e se sentindo em casa, não funcionaria sem organização, claro – os jogadores correriam muito, mas desordenadamente. Ela foi herdada em parte de Mano e consolidada em 32 dias de treinos e jogos.

Em um 4-2-3-1, o esquema do momento, sem grandes variações: uma linha de quatro na defesa, com laterais que apoiam bastante, mas não ao mesmo tempo; dois volantes que se complementam, um mais defensivo e o outro que leva a bola ao ataque; três meias-atacantes que trocam de posição e voltam para ajudar na marcação; e um centroavante. Com tudo dando certo, apareceram as qualidades individuais: o craque, o artilheiro, o elemento surpresa e até o goleiro antes desacreditado.

A tática é algo importante, especialmente se os dois times estiverem no mesmo nível de motivação e técnica. Mas quando há uma grande diferença emocional, cai na hierarquia decisiva. Falo isso de cadeira, porque assino a coluna Futebol de Botão aqui na Gazeta do Povo – sobre táticas –, desde 2009.

Jogadores de Bayern de Munique e Real Madrid, que tiveram sucesso contra o Barcelona na temporada europeia, Luiz Gustavo e Marcelo foram questionados sobre a estratégia que seus times – mais objetivos com a bola, como o Brasil – usaram para superar o temível Barcelona – base do paciente toque de bola da Espanha. Não souberam responder. Falaram apenas em vontade, confiança, intensidade...

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