Nem bem havia terminado o jogo do Mineirão, no qual o Atlético goleou o Cruzeiro, e o técnico Paulo Autuori voltou a criticar alguns aspectos do mal organizado futebol brasileiro. Purista, coerente e a fim de contribuir, efetivamente, para a imprescindível transformação conceitual do futebol, antes que seja tarde demais, Autuori debateu com Galvão Bueno.
Cada um com suas razões. O treinador porque defende a tese de que a CBF deveria organizar um calendário racional, mais humano no que concerne aos profissionais da bola; Galvão Bueno expôs suas razões na defesa de partidas praticamente todos os dias da semana com o forte argumento de que os altos salários de técnicos e jogadores são pagos com as verbas da televisão.
Isso é uma realidade e parece não ter volta. Os dirigentes, do mesmo modo como agem os políticos e os governantes, são imediatistas e se submetem ao mercado sem pensar no risco de matar a galinha dos ovos de ouro.
A má gestão pública e a atividade política com maus costumes resultaram no caos econômico em que se encontra o país; a confusa administração futebolística está refletida no caos do calendário e nas abaladas finanças dos clubes.
Sem o aprofundamento da discussão para que as relações do futebol com a mídia de massa venham de encontro aos interesses de todos os lados, para não agravar a decadência técnica geral pelo excesso de jogos.
É importante dar um fim ao círculo vicioso dos dirigentes que não se cansam de correr atrás do dinheiro para tapar os buracos da má gestão.
Verifica-se clara divergência entre quem deseja o resgate da beleza técnica do espetáculo e quem só enxerga números pela frente.
Verifica-se inegável conflito de interesses nessas relações.
Afinal, futebol ainda é esporte ou virou mesmo simples negócio?
Afinado
Depois do primeiro tempo confuso, no qual escapou de sofrer gols do Cruzeiro graças às precisas intervenções do goleiro Weverton, o Atlético deslanchou na etapa complementar.
A surpresa foi a precisão nos três lances capitais que construíram a saborosa goleada atleticana.
Em cada gol marcado a presença marcante do assistente: no primeiro, o chute longo de Weverton para Pablo que se aproveitou da falha do zagueiro Bruno Rodrigo; no segundo, a sutileza do passe de Nikão para André Lima bem colocado no meio da área; no terceiro, a velocidade e o centro inspirado de Marcos Guilherme para o cabeceio de André Lima.
O triunfo confirmou que quando consegue tirar proveito do toque de bola o Furacão está bem afinado.
O difícil tem sido manter a regularidade ofensiva para alcançar os objetivos traçados.