A ideia de um estádio/arena multiuso, compartilhada por Coritiba e Paraná, foi discutida por representantes dos dois times e pela prefeitura de Curitiba no início do ano. Existem vários exemplos de estádios compartilhados pelo mundo. Sua viabilidade, no entanto, depende do selo “multiuso” que ele possa receber, caso um dia saia do realmente do papel.
Embora o projeto de um novo estádio esteja em compasso de espera desde a renúncia do ex-presidente paranista Rubens Bohlen, o novo vice do Coritiba, Alceni Guerra, renovou a ideia como uma das alternativas para o Alviverde buscar um novo lar.
Times que compartilham estádios clássicos têm buscado alternativas mais rentáveis e abandonando o aparente conforto de suas casas atuais.
San Siro/Guseppe Meazza
O caso mais recente é o Milan. O time italiano manda seus jogos desde 1925 no estádio San Siro/Giuseppe Meazza e o compartilha com a Internazionale desde 1947. A parceria, no entanto, ganhou prazo de validade desde que o Milan decidiu construir um novo estádio.
A nova arena terá capacidade para 48 mil torcedores e sua conclusão é estimada para 2018. O objetivo do clube é tornar sua nova casa, projetada para a região de Portello, muito mais rentável tornando-a multiuso. O Milan se inspirou na Juventus de Turim. Em 2011 a Velha Senhora inaugurou o Juventus Stadium, com capacidade para 41 mil espectadores, com uma ampla e rentável estrutura, como hotel e shopping.
Roma e o Coliseu Moderno
O Roma está no mesmo caminho. Depois de compartilhar por anos o Estádio Olímpico de Roma com a Lazio, a equipe já constrói seu novo estádio. Projetado para receber 52 mil torcedores, o Stadio della Roma (apelidado de Coliseu Moderno) terá lojas, restaurantes, anfiteatro e outros espaços comerciais. A tendência é que o Estádio Olímpico, clássico reformado para a Copa do Mundo de 90 e com capacidade para 72 mil torcedores, torne-se um coadjuvante na capital italiana.
Allianz Arena
Na Alemanha, a Allianz Arena foi construída em parceria entre o Bayern de Munique e o Munique 1860. Os custos foram divididos, respeitando uma proporcionalidade definida pelo tamanho e potencial das equipes, e recebe jogos dos dois clubes em gestão compartilhada até 2025.
Em 2006, no entanto, logo após o término da construção, o “primo pobre” esteve à beira da falência e acabou negociando com o Bayern sua parte nos direitos econômicos sobre o estádio por R$ 30 milhões (11 milhões de Euros na época). O dinheiro salvou o Munique, que amarga o 12º ano na segunda divisão alemã.
Maracanã
O Estádio Municipal Mário Filho é a casa de Flamengo e Fluminense desde a década de 1950. As tradicionais equipes cariocas compartilham seu uso do local, que após a reforma da Copa do Mundo teve sua gestão passada à iniciativa privada. Os clubes precisam pagar aluguel à gestora, mas têm direito a parte do dinheiro arrecadado nas bilheterias do estádio, descontando os custos operacionais da praça esportiva, estimados em R$ 350 mil por jogo.
Mineirão e Independência
Em Belo Horizonte, o Mineirão foi compartilhado por muitos anos por Cruzeiro e Atlético-MG. Desde 2012, o Galo passou a mandar seus jogos e a compartilhar o estádio Independência, que pertence ao América-MG. O Mineirão também é um estádio público, mas teve sua administração repassada à iniciativa privada. O Cruzeiro segue mandando seus jogos no local. Dependendo do tamanho da partida, o Galo também “aluga” o Mineirão para tentar arrecadar mais dinheiro com bilheterias.
Arena Castelão
Estádio pertence ao governo estadual e eventualmente recebe jogos de Ceará e Fortaleza. No jogo inaugural pós Copa do Mundo, o alto custo de manutenção do local, R$ 402 mil (segundo borderô) assustou representantes das duas equipes, que lucraram apenas R$ 188 mil cada. Poucos jogos foram realizados desde então no estádio. Os dois times preferem compartilhar o Estádio Presidente Vargas, que é municipal, que tem o custo menor.
Arena Pernambuco
A posse da Itaipava Arena Pernambuco pertence ao Náutico. Eventualmente, Sport e Santa Cruz, outros dois times da cidade, mandam seus jogos no local. Inaugurado ao custo de R$ 530 milhões para a Copa do Mundo, o local recebe também shows e outros eventos culturais, mas tem encontrado dificuldades para se manter rentável.
Exemplo argentino
O Estádio Ciudad de La Plata é municipal e recebe jogos do Estudiantes e do Gimnasia Y Esgrima, dois times de futebol da cidade de La Plata, na grande Buenos Aires. Construído em 2003 e remodelado para a Copa América de 2001, já recebeu também jogos de rúgbi, esporte bastante popular na Argentina. É o primeiro estádio coberto da América Latina, tem capacidade para 53 mil torcedores e recebe também shows internacionais. Os custos do estádio são descontados no borderô dos jogos.
Futebol e Rúgbi
O caso mais conhecido de compartilhamento entre dois esportes diferentes de um estádio é o Ellis Park, em Johannesburgo, na África do Sul. Construído originalmente para receber jogos do Golden Lions, equipe de rúgbi, esporte preferido dos sul-africanos, ele foi remodelado para abrigar também jogos de futebol. O Orlando Pirates manda seus jogos no estádio.
É considerado o mais moderno do país. Durante a Copa do Mundo, chegou a receber a seleção brasileira por duas vezes: vitórias contra a Coreia do Norte (2 a 1) e Chile (3 a 0).
Beisebol e futebol
Nos Estados Unidos, o tradicional time de beisebol New York Yankees teve de ver o seu Yankee Stadium transformado em campo de futebol. Sem ter onde jogar, o New York City, estreante da MLS – liga de futebol profissional –, mandou seus jogos lá e não foi bem aceito. A rejeição ao compartilhamento foi grande por parte dos fãs da equipe de beisebol.
Futebol americano e lacrosse
No futebol americano também há compartilhamento de estádios. O New York Jets e o New York Giants mandam seus jogos pela NFL no East Rutherford, em Nova Jersey. O local também já recebeu jogos de futebol, como o amistoso entre os Estados Unidos e o Brasil, em agosto de 2010. Vitória da seleção brasileira por 2 a 0. O local também recebe jogos de lacrosse.
Três esportes em uma arena
O Air Canadá Center, em Toronto (Canadá) é a casa dos Raptors, que disputam a liga americana de basquete, do Marlies, time de hockey no gelo e do Toronto Rock Lacrosse Team. Inaugurado há 13 anos, o local recebe diversos outros eventos culturais e precisa de uma ampla transformação semanalmente para ficar em condições de receber três esportes diferentes.