Ponto central das denúncias de irregularidades na gestão da reforma da Arena para a Copa, as cadeiras testadas para equipar o estádio rubro-negro foram o ponto alto da reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Atlético, quarta-feira à noite. Expostos na entrada do salão em que o encontro foi realizado, em um hotel no Centro de Curitiba, diferentes modelos de assentos esportivos puderam ser testados pelos 181 conselheiros presentes.
O test-drive foi um dos recursos utilizados pelo presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, para defender a atuação da CAP S/A, a qual ele também preside. Uma defesa baseada em argumentos técnicos, mas pontuada por críticas à imprensa e ao vice-presidente do Deliberativo, José Cid Campêlo Filho, autor das denúncias de contratação de parentes de Petraglia para a conclusão do estádio. A Kango Brasil Ltda., de Mario Celso Keinert Petraglia, filho do dirigente, fornece as cadeiras. Os serviços de arquitetura são de Carlos Arcos, primo do cartola.
A contratação da Kango foi explicada por Ernan Ornaghi, diretor de suprimentos da CAP S/A. O funcionário apresentou a carta-convite que abriu a concorrência e explicou o processo que culminou na seleção da Kango, contratada para instalar 43.981 unidades a R$ 9,6 milhões. O orçamento é mais caro que o das outras finalistas, Sanko Meão (R$ 8,6 milhões para a mesma quantidade) e Ufficio Mackey (R$ 8,2 milhões para 1,7 mil unidades a menos). O Atlético, porém, apontou a superioridade técnica e facilidades para instalação e manutenção como razões para contratar a empresa mais cara. Ao menos o primeiro argumento foi amplamente apoiado pelos conselheiros.
"Cadeiras Kango. Nota 10!", escreveu, no Twitter, o conselheiro João Gabriel Ribeiro. "Se fosse teste cego, certamente as cadeiras da Kango seriam escolhidas. Diferença muito grande", reforçou, também via rede social, o conselheiro e integrante do Conselho Fiscal, Alessandro Matos. Segundo ambos, essa opinião era unânime entre os presentes.
O 2.º vice-presidente do clube, Márcio Lara, detalhou o projeto da Arena desde o início, em 1999, como parte da defesa da contratação de Arcos. Pedro Loyola Júnior, presidente do Conselho Fiscal, falou da auditoria interna, que não encontrou irregularidades nos contratos. Já o conselheiro Mário Schirmer, procurador do Ministério Público Estadual, explicou o convênio entre Atlético, prefeitura e estado para a Copa.
Autor das denúncias, Cid Campêlo Filho teve aberto contra si um processo do Conselho de Disciplina e Ética. Durante a assembleia, o advogado foi duramente criticado por Petraglia e chamado de traidor. Hoje pela manhã ele entrega sua carta de renúncia à vice-presidência do Deliberativo. "Traidor não sou, mas apenas um insurgente contra a situação de fato instalada no clube", escreve Campêlo na carta.
A imprensa também foi criticada. Segundo conselheiros, Petraglia disse odiar a imprensa e que não se defenderá das acusações nos meios de comunicação, mas apenas perante o Deliberativo do clube.
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Festa de Motta reúne governo e oposição, com forró, rapadura, Eduardo Cunha e Wesley Batista
Quase 40 senadores são a favor do impeachment de Moraes, diz Flávio Bolsonaro
BR-266: estrutura que sobrou da ponte entre Maranhão e Tocantins é demolida por implosão
Deixe sua opinião