Nenhum jogador das seleções de base terminou 2011 tão valorizado quando Mosquito. E nenhum outro atravessou 2012 em meio a tantas polêmicas como ele. Artilheiro, campeão e melhor jogador do Sul-Americano sub-15 do ano passado, o atacante trocou o Vasco pelo Atlético. No caminho entre São Januário e o CT do Caju, passou a ter a carreira gerenciada por um dos maiores grupos esportivos do mundo, fez uma escala no interior do Rio de Janeiro e pode motivar um boicote a torneios de formação com a presença do Furacão.
Mosquito foi direto do Sul-Americano, encerrado em dezembro, para as férias. Não se reapresentou em janeiro, quando completou 16 anos e poderia assinar seu primeiro contrato profissional com o Vasco. Àquela altura, já estava havia cinco meses sem receber a ajuda de custo de R$ 1,8 mil, entre outros benefícios como assistência médica e vale transporte.
"O Vasco não pagou o que tinha de pagar. Além disso, não sou eu que estou dizendo, mas o Ministério Público fechou o centro de treinamento do Vasco, pois infelizmente um jovem jogador veio a falecer lá [em fevereiro]", afirma o empresário argentino Gustavo Arribas, sócio do HAZ Sport Agency ao lado do também argentino Fernando Hidalgo e do israelense Pini Zahavi, ex-parceiro de Kia Joorabchain.
Responsável pela carreira de Mosquito, o HAZ pôs o jogador no Macaé, clube do qual é parceiro. Mosquito jamais disputou uma partida oficial pela equipe fluminense. Apenas recuperou a forma física e participou de alguns coletivos por lá.
Em outubro, apareceu no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF como jogador do Atlético, emprestado pelo Macaé até 31 de dezembro de 2013. A cessão foi gratuita e o contrato, diz Arribas, prevê renovação por mais dois anos, com o Macaé ficando com um percentual dos seus direitos. "A base do Atlético é de altíssimo nível, ideal para o desenvolvimento do atleta", diz Arribas, que tem no Caju os meias Zezinho e Felipe. "Eu que ofereci o jogador ao Atlético. Eu que ofereci o Mosquito", enfatiza.
A ênfase de Arribas é justificável. Em abril, clubes das Séries A e B redigiram, em um simpósio em Teresópolis, um documento que, entre outras diretrizes, estabelece um código de conduta nas categorias de base. Um dos primeiros tópicos é não tomar jogador da base de outros clubes nem receber atletas que tenham sido tirados de algum time por empresário.
O caso Mosquito é o primeiro desde a implantação deste código e foi um dos pontos centrais do segundo simpósio do grupo, semana passada. Presente em abril, o Atlético não mandou representante. Por telefone, dirigentes do Rubro-Negro e do Vasco foram colocados em contato para chegar a um acordo, um ressarcimento para o time carioca. Segundo o site Trivela, se até a próxima terça-feira não houver uma solução, os demais clubes se recusarão a disputar torneios de base em que o Atlético se inscrever.
"A ida dele para o Atlético não é ilegal, mas fizemos um acordo em que nenhum clube aceitaria jogador retirado de outro de forma litigiosa. Se o Mosquito não quer jogar no Vasco, paciência. Mas os direitos do clube formador sejam respeitados", diz René Simões, um dos coordenadores do grupo de dirigentes da base.
À primeira vista, a chance de um acordo é remota. "Se o Vasco se sente prejudicado, deve ir à Justiça", diz Arribas.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião