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O ex-jogador Amarildo vivenciou uma experiência única na Copa do Mundo de 1962, no Chile, ao substituir o então titular Pelé, machucado logo no primeiro jogo do Brasil, durante a campanha do bicampeonato. Hoje, aos 74 anos, ele não vê nenhuma semelhança no episódio com a saída de Neymar do time em meio a disputa da Copa de 2014.

Com os três gols marcados nos quatro jogos que fez na Copa no Chile, Amarildo ficou conhecido como "O Possesso" e foi um dos protagonistas daquela conquista.

"Não dá para comparar. Primeiro porque Pelé é Pelé e o Possesso é o Possesso. Depois, em 1962, nós já sabíamos quem eram titulares e reservas. Quando Pelé se machucou todos sabiam que eu entraria. Terceiro, a seleção de 1962 tinha muitos craques. Hoje, Neymar é o diferenciado. Será difícil achar um substituto", disse Amarildo.

Amarildo, no entanto, concordou que a saída de Pelé do time chegou a causar temor nos brasileiros. "Entre os torcedores e a imprensa, sim. Pensavam que o time cairia de rendimento. Mas eu já sabia meu lugar, atuava com metade dos jogadores da seleção no Botafogo. Tinha Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagallo. Estava preparado para decidir", disse o craque.

Sobre o substituto de Neymar na Copa, Amarildo disse ser uma missão difícil. Mas fez sugestões para o técnico Luiz Felipe Scolari.

"Quem entrar não vai ter a mesma qualidade, mas tem de equiparar o Neymar na vontade, no empenho, na força, na coragem. Talvez seja interessante para a seleção, terá uma cara nova, uma dinâmica diferente. Não vejo alguém específico para o lugar de Neymar. Ele é o único diferente nessa equipe, os outros são bons, mas são iguais".

"A motivação tem de ser ganhar a Copa no Brasil. Muitos foram campeões pela seleção, mas nenhum dentro do país", acrescentou o Possesso.

Natural de Campos de Goytacazes, Amarildo fez parte do famoso time do Botafogo no final dos anos 1950 e início dos anos 1960 que tinha craques como Didi, Garrincha, Quarentinha e Zagallo.

Na Copa-62 herdou a vaga de Pelé na seleção, após o craque santista se lesionar no início do Mundial.Deixou o Brasil em 1963, com 24 anos, para jogar no futebol italiano e só retornou em 1973. Encerrou a carreira no ano seguinte, no Vasco.

Mas Amarildo também teve a carreira marcada por polêmicas. Quando defendia o Milan chegou a afirmar que era o novo "Rei do Futebol", ao participar da vitória do Milan sobre o Santos de Pelé no primeiro jogo decisivo do Mundial de Clubes-1963.Seu time perdeu o título e Amarildo foi vaiado nos dois jogos contra o Santos, no Rio.

Depois do Milan, o jogador ainda atuou pela Fiorentina e pela Roma. Voltou ao Brasil para o Vasco e disputou mais duas temporadas.

Em setembro de 2011, iniciou um tratamento contra um câncer na garganta. Durante esse período chegou a perder cabelo e peso, e ficou muito debilitado fisicamente. A recuperação começou em 2012, quando o ex-jogador voltou a aparecer em público.

Desde 2011, trabalha no Botafogo como embaixador das escolinhas do clube carioca e costuma participar de eventos relacionados a história alvinegra. Em outubro do ano passado, participou de uma cerimônia em homenagem a Garrincha, em Magé (RJ). Em janeiro deste ano, participou de festa da Fifa de premiação aos melhores jogadores de 2013.

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