A combinação de emocionantes partidas de futebol e multidões de homens bebendo cerveja pode significar grandes lucros para a indústria do sexo na Alemanha. Cerca de um milhão de turistas são esperados nas doze cidades-sede da Copa. No distrito de St Pauli, em Hamburgo, o mais famoso local de prostituição do pais, todos têm a expectativa de um bom aumento nos lucros.
"Futebol e prostituição fazem uma grande combinação", disse Hans-Henning Schneidereit, dono do Safari Cabaret, em St. Pauli, famoso por seus shows de sexo. "Você tem vários homens na idade certa e animados após os jogos. O que mais eles podem querer?", pergunta Schneidereit.
Ele espera um aumento de 30% no movimento durante o torneio, e diz estar sendo pessimista em suas projeções, comparando com aquelas feitas por seus concorrentes.
A polícia também espera este aumento.
"A partir da nossa experiência com eventos como a Oktoberfest e encontros de negócios, e razoável assumir que muitas mulheres devem vir à cidade em busca do crescimento da procura por seus serviços", disse Gottfried Schlicht, porta-voz da polícia de Munique, cidade que receberá seis jogos.
Mais de 2 mil prostitutas trabalham na Grande Munique, segundo Schlicht, e ele espera que o número aumente em cerca de um terço quando comecar a Copa.
Medo do tráfico de mulheres
Um novo bordel já abriu em Berlim no final do ano passado, próximo ao estádio de futebol. A prostituição é legal na Alemanha e as trabalhadoras recebem seguro-saúde e pagam a previdência social. Segundo números oficias, há cerca de 400 mil prostitutas no país.
Ainda assim existem milhares de mulheres trabalhando forçadas no mercado alemão do sexo. O governo pretende lançar campanhas específicas durante o mundial, para alertar sobre o problema. É difícil apontar o número exato do mercado ilegal, uma vez que as vítimas dificilmente vão à polícia, seja por medo dos cafetões ou de ficar sem o emprego. De acorco com a OIT (Organizacao Internacional do Trabalho) existem 15 mil mulheres trabalhando nestas condições na Alemanha.
O presidente da federação alemã de futebol, Theo Zwanziger, disse nesta semana que inicialmente subestimava o problema da prostituição forçada, mas agora vê a necessidade de se combater o tráfico de mulheres durante a mundial.
A comissão de justiça da União Européia propôs que a Alemanha exija vistos durante a Copa mesmo de nações que não precisam normalmente, para evitar o tráfico de mulheres. Jornais do país divulgaram nos últimos meses que 40 mil mulheres devem entrar no país para trabalhar como escravas sexuais durante o evento. Grupos como o Ban Ying, que ajuda vítimas da prostituição forçada, consideram o número exagerado, devido ao intenso policiamento das fronteiras alemãs.
Outros dizem que muitas mulheres vão viajar por vontade própria. Mariska Majoor, ex-prostituta e fundadora de um centro de ajuda em Amsterdam, acredita que várias prostitutas da Holanda vão atravessar a fronteira.
"Se elas souberem que o dinheiro está lá e que existem colegas voltando com bons lucros, tenho certeza que irão", disse Majoor. "Afinal de contas, elas podem trabalhar onde e quando quiserem."
Há também aquelas que não vêem motivo para tanto barulho. Sindy, em Berlim, não acredita que a Copa do Mundo seja o melhor momento para ganhar dinheiro.
"Eu posso te dizer que a maioria dos homens que assistem a um jogo de futebol também bebem algumas cervejas e isso não os ajuda a ficar de pé, literalmente. Acho até que a Copa será a melhor época para se tirar umas férias."
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