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O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, diz não acreditar que a violência dos últimos protestos, às vésperas da Copa das Confederações, vai prejudicar a imagem do país. "O mundo perceberá que o Brasil não apenas dispõe na sua vida política e social do direito à manifestação, mas dos instrumentos capazes de conter qualquer tipo de abuso, seja por parte dos manifestantes ou por parte das repressões às manifestações", afirmou.
No embalo dos protestos contra o aumento da tarifa de transporte em São Paulo, movimentos sociais que questionam os gastos públicos com a preparação para a Copa de 2014 começaram ontem uma série de manifestações que tende a se espalhar pelo país. Representantes do grupo Comitê Popular da Copa fecharam parte da via Eixo Monumental, ao lado do Estádio Nacional, em Brasília, ateando fogo em pneus. Eles marcaram um novo ato público para hoje às 10 horas, na rodoviária da capital federal (a três quilômetros do estádio), e em outras cidades como Rio de Janeiro e Porto Alegre para os próximos dias.
O governo federal informou que espera pelas manifestações. Segundo o diretor de Operação da Secretaria Extraordinária para Segurança de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, José Monteiro, o "direito constitucional ao protesto" não será violado. Ao todo, 54 mil policiais federais, militares e guardas municipais vão trabalhar na segurança das seis cidades que vão receber jogos da Copa das Confederações.
Na mesma linha, a Fifa também está acompanhando os protestos pelo país, inclusive os que não estão ligados diretamente à realização do torneio. "Do ponto de vista da Fifa, temos completa confiança nas autoridades do país-sede. Estamos monitorando a situação, obviamente, e estamos em contato com as autoridades locais para ficarmos informados", disse ontem o chefe de mídia da entidade, Pekka Odriozola, durante entrevista coletiva no Maracanã.
No sentido contrário ao clima de respeito aos protestos, a Justiça de Minas Gerais concedeu ontem uma liminar proibindo manifestações que atrapalhem o trânsito no entorno do Mineirão ao longo da competição. Em Belo Horizonte, os protestos devem ser engrossados por professores estaduais e policiais civis que pedem melhores salários.
Em Brasília, a maioria dos cerca de 400 manifestantes que participou do ato de ontem, chamado de Copa pra Quem?, é ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O fogo provocado por eles interditou as seis faixas do Eixo Monumental, mas uma equipe do Corpo de Bombeiros, que estava próxima do local, chegou rapidamente. "Em virtude do material utilizado, tivemos um pouco de dificuldade para apagar o incêndio", afirmou a tenente Lorena Ataíde.
A Polícia Militar e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) apenas observaram a ação, sem efetuar prisões. Em seguida, o grupo partiu em direção do Palácio Buriti, sede do governo do Distrito Federal, onde teriam uma reunião com um representante do poder público.
A reivindicação do movimento é por um investimento em moradias equivalente ao dinheiro gasto na praça esportiva, que custou R$ 1,2 bilhão. Além disso, pedem a utilização do estádio para o esporte amador após a Copa do Mundo e uma auditoria externa nos gastos da construção.
"É um absurdo o que estamos vendo no Brasil por causa dos eventos esportivos. O povo merece o mesmo tratamento", afirmou Joílson Alves, um dos presentes no protesto.
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