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A Fifa é uma instituição mil vezes mais poderosa que a ONU. O célebre esporte bretão inventado há pouco mais de um século levou a cabo uma organização tentacular sobre o globo sem paralelo. A Fifa tem mais países membros que a ONU e se mantém ativa com uma legislação muito simples. É uma das instituições mais igualitárias do mundo – em nenhuma outra atividade o mais fraco consegue eventualmente vencer o mais forte como acontece no futebol; no mundo dos esportes de alto nível essa de­­mo­­cracia só costuma existir no papel.

Na vida real, o mais forte vence sempre – no futebol, nem sempre. Há casos clássicos, como a inverossímil vitória dos americanos sobre a poderosa Inglaterra, na Copa de 1950; ou a da Coreia do Norte, uma das mais antigas e mais miseráveis ditaduras do mundo, sobre a Itália, em 1966 – a mesma Coreia que vamos enfrentar no dia 15. Mas, sinceramente, achar que nesse caso pode acontecer uma zebra é de um pessimismo suicida – nenhuma chance.

Voltando à nossa ONU futebolística, o poder da Fifa é de dar inveja. Diante dela, o Ahmadinejad fala mansinho e come na mão; o imperador da Coreia do Norte é um anjo de compreensão. Tortura em campo, só a dos torcedores roendo unha. Com a Fifa, não existe Faixa de Gaza. Bombas, nem pensar – só aqueles chutes certeiros de fora da área. A justiça do futebol é a mesma em toda parte, da Copa aos torneios de pelada. Os inspetores da Fifa, ao contrário dos da ONU, entram em qualquer estádio de qualquer país com poderes totais. Escreveu não leu, o pau co­­meu, em Paris, Pequim e Al­­mi­­rante Tamandaré: fecham-se campos, expulsam-se jogadores e multam-se equipes em julgamentos rápidos e definitivos.

Lula já demonstrou que quer ser presidente da ONU. Se não der certo, quem sabe a Fifa seja uma alternativa? É verdade que essa eleição é uma parada muito mais dura. Mas tem vantagens: nela, ditadores viram estadistas (como vimos em Zimbábue) e os EUA não apitam nada, o que sempre alegra os emergentes e atiça o apetite da nossa diplomacia.

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