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 | Angelo Binder/ Gazeta do Povo
| Foto: Angelo Binder/ Gazeta do Povo

Passo a passo

Para deixar a rua do seu bairro com cara de Copa do Mundo é preciso atender a algumas exigências.

- Qualquer modificação urbanística, aí engloba pinturas de árvores, pontos de ônibus e calçadas, necessita de aprovação da Secretaria de Urbanismo. O órgão da prefeitura de Curitiba exige um protocolo com um resumo explicativo das modificações pretendidas, que pode ser aprovado ou não.

- Outro cuidado indispensável, antes de gastar dinheiro com tinta, faixas e bandeiras, é entrar em contato com a Diretoria de Trânsito (Diretran-PR), pois qualquer tipo de enfeite que bloqueie o trânsito, seja na calçada, na rua ou ciclovia, precisa de autorização do órgão. Os interessados precisam encaminhar uma solicitação descritiva das alterações. Neste caso, os pedidos podem ser aprovados ou não.

- Por fim, a Diretran alerta que não é permitido pintura ou algo que atrapalhe a sinalização no asfalto (bandeiras do Brasil pintadas no asfalto, por exemplo) ou em placas de sinalização. A Copel também pede que as pessoas evitem utilizar enfeites nos fios de luz. O objetivo principal é evitar acidentes no momento da colocação desses materiais.

  • A decorada Rua Benedito Correia de Frei­­tas, no bairro Abranches

A 37 dias do início da Copa do Mundo, quase nada em Curi­­tiba remete ao evento esportivo da Fifa – exceção às lojas, que vendem cornetas e adereços ou pegam carona no boom comercial do torneio de futebol. Mas existe um lugar na cidade que foge ao lugar-co­­mum econômico.

A Rua Benedito Correia de Frei­­tas, no bairro Abranches, segue a tradição da "corrente pra frente" em torno da seleção brasileira. As árvores na calçada, o meio fio, os muros e os telhados dos vizinhos, nada escapa do espírito patriótico que toma conta do local. Até o ponto de ôni­­bus, da linha Mateus Leme, ganhou tons em verde e amarelo.

A responsável pela tradição de colorir a paisagem urbana a cada quatro anos é a moradora Silmara Iglesias. Trabalho que deu sorte na conquista do tetra em 1994 e se repete desde então.

De acordo com a Diretoria de Trânsito (Diretran-PR) e Secre­­taria Municipal de Urbanismo, órgãos responsáveis por liberar tais modificações nas ruas, a região é o único espaço da cidade já "fardado" para a Copa. No resto, a tradição morreu.

A vizinhança aprova a iniciativa. "Ela inventa de tudo. Nin­­guém reclama das coisas que ela cria. Na semana que vem ela vai pintar o muro aqui da minha casa. Vai ficar bom", diz acreditar o técnico em refrigeração Ial­­tamir Matoso, morador da "rua canarinho" há 30 anos.

Segundo ele, Silmara sai em busca das doações para comprar a tinta e os materiais de pintura. Também organiza o mutirão dos amigos e as filhas e define onde serão colocados os adereços. "Se fosse uma artista, ela seria uma celebridade", exagera Matoso, lembrando do tempo em que a torcedora número 1 da seleção vendia cachorro-quente pelo bairro pilotando uma jog equipada com uma sirene para chamar a atenção.

Ainda há muito trabalho pela frente até o começo da Copa. Ban­­deirinhas serão penduradas nos postes, um telão será instalado na casa de Silmara para que a rua possa assistir unida aos jogos do time de Dunga.

A dona de casa Maria de Sou­­za da Silva, que mora em frente à sede da torcida brasileira, conta os dias para o início da disputa na África do Sul. "Você precisa ver nos dias de jogos. Isto aqui vira uma festa só", promete, em­­polgada.

A mentora da decoração divide o mérito: "Os vizinhos me acham maluca, mas essa é a quin­­ta Copa que eu faço isso. Con­­­­segui ajuda dos comerciantes da região para enfeitar a rua", explica Silmara Iglesias, 44 anos.

"Eu amo futebol, assisto a todos os jogos da seleção. Confio no time, mas eu estou me preparando mesmo para a Copa de 2014, que será no Brasil. Ter­­mi­­nei de pintar os muros às 19 ho­­ras de ontem (terça-feira). Neste ano estou fazendo tudo sozinha, a turminha que me ajudou na Co­­pa passada cresceu", brinca Iglesias, que é coxa-branca, mas trabalha para a empresa de segurança que presta serviço ao Atlé­­tico.

Silmara garante que a prefeitura não vê problema na iniciativa. "Até mudam o trajeto do ônibus (Mateus Leme) para a gente fechar a rua em dias de jo­­gos."

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