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Gyan pega muito bem de perna esquerda para vencer o ótimo goleiro norte-americano Howard e colocar Gana em vantagem no início da prorrogação. Golvaleu a vaga africana na próxima fase | David Gray/Reuters
Gyan pega muito bem de perna esquerda para vencer o ótimo goleiro norte-americano Howard e colocar Gana em vantagem no início da prorrogação. Golvaleu a vaga africana na próxima fase| Foto: David Gray/Reuters

Estados Unidos

Desta vez a virada não veio

Da Redação

Após cada recuperação dos Estados Unidos nas partidas da primeira fase, o técnico Bob Bradley elogiou muito o esforço dos jogadores. Mas ontem teve de lamentar uma reação que não veio no tempo extra.

"Saímos perdendo no início demasiadas vezes. Tivemos algumas chances, mas no início da prorrogação ficamos atrás de novo e, naquele momento, com todo o esforço que já havíamos feito, não tínhamos mais físico", afirmou ao site da Fifa.

Segundo ele, a derrota é mais dolorosa por causa de toda a expectativa criada após o time passar da primeira fase em primeiro lugar no grupo da Inglaterra. "Achávamos que estávamos prontos para ir fundo no torneio. Sabíamos que Gana tinha uma boa equipe, mas não conseguimos fazer o nosso trabalho. Este grupo é sensacional e estamos orgulhosos, mas também decepcionados por não termos chegado mais longe."

Goleador do time, e um dos que mais marcou na Copa, o meia Donovan também deixa a disputa pela artilharia. "Tenho orgulho do que fiz e do que a equipe fez. O futebol às vezes é cruel. Uma hora você está no topo do mundo e, na seguinte, está no fundo do poço", lamentou, acreditando que a equipe pecou pela inocência. "Conseguimos empatar e tivemos algumas chances de virar, mas não era a nossa noite. Fomos um pouco inocentes e, neste nível, não dá para ser assim, o que é frustrante por causa de todo o trabalho."

  • Confira a ficha técnica do jogo entre Estados Unidos e Gana

A primeira prorrogação da Copa levou às quartas de final a única seleção africana que continua na disputa. Após o empate por 1 a 1 com os Estados Unidos no tempo normal, Gana garantiu a classificação com um gol de Gyan logo no início do tempo extra. Com o resultado, igualou as melhores campanhas históricas de seleções do continente: Camarões, em 1990, e Senegal, em 2002.

Em sua segunda participação em um Mundial, Gana já faz sua melhor campanha. Em 2006, na Alemanha, os Estrelas Negras foram eliminados pelo Brasil após perder por 3 a 0 nas oitavas de final.

Gana vai encarar agora o Uruguai, que um pouco mais cedo eliminou a Coreia do Sul. A partida das quartas será realizada na sexta-feira, às 15h30 (horário de Brasília), em Johannes­­burgo. O time que vencer esse duelo pode ter como adversário o Brasil nas semifinais. Isso se o time de Dunga passar pelo Chile e depois superar o vencedor de Holanda e Eslováquia.

"Eu sou o homem mais feliz do mundo", dizia Gyan após o gol decisivo. "Chegamos às oitavas em 2006 e agora demos mais um passo. Somos os únicos representantes da África no Mundial. Não jogadores apenas para Gana, mas para toda a África", discursou. Em vários pontos da África do Sul, se ouviram foguetórios após a classificação dos ganeses.

No início da partida, parecia que a classificação viria no tempo normal. Prince Boateng abriu o placar logo aos 5 minutos. Mas a seleção norte-americana se acostumou a jogar em desvantagem. Isso aconteceu na primeira rodada, ao sair perdendo por 1 a 0 para a Inglaterra e buscar o empate; na segunda, ao levar 2 a 0 da Eslovênia e correr atrás de nova igualdade; e na terceira partida, quando o 0 a 0 com a Argélia significaria a desclassificação, mas Donovan fez o gol da vitória nos acréscimos. Desta vez, o volume de jogo foi premiado quando Dempsey sofreu pênalti de Jonathan. Donovan bateu aos 17 minutos do segundo tempo e empatou.

No início da prorrogação, os yankees viram o adversário passar à frente mais uma vez. Gyan ganhou na força da defesa e bateu forte de perna esquerda. A partir daí, mais pressão norte-americana. Mas nem a ida do goleiro Howard para a área ganesa nos instantes finais ajudou. Muito menos a torcida de celebridades, como o ex-presidente Bill Clinton, o astro da NBA Kobe Bryant e o roqueiro Mick Jagger, presentes ao Estádio Royal Bafokeng.

Mesmo parecendo mais desgastada, a seleção africana suportou até o fim. "Foi um jogo difícil, tivemos de lutar até o último segundo. Estávamos muito cansados, porque jogamos a última partida na quarta-feira", disse o meia Ayew, eleito o melhor em campo em votação no site da Fifa.

Além de continuar na Copa, Gana vê seu principal atacante na luta pela artilharia. Com o gol de ontem, Gyan chegou a três no Mundial, ao lado do espanhol David Villa, do argentino Higuaín, do eslovaco Vittek – que ainda entram em campo nas oitavas de final –, do uruguaio Luís Suarez – que também jogou ontem – e do norte-americano Donovan – que encerrou a participação na Copa com o pênalti convertido.

Na euforia da comemoração, ficou perceptível que o próximo adversário pouco importava. "Estamos muito felizes. Agora temos de esperar para ver contra quem será o nosso próximo jogo", disse o lateral-direito Pantsil, sem se dar conta de que o Uruguai já estava esperando.

Desfalques

Gana tem três problemas para a partida contra o Uruguai, que o técnico sérvio Milovan Rajevac define como a mais importante da história do país. O meia Ayew e o zagueiro Jonathan estão suspensos por terem tomado o segundo cartão amarelo. O primeiro chegou a dizer que espera uma anistia da Fifa, mas a chance de isso acontecer é zero. O meia Prince Boateng, autor do primeiro gol ontem, saiu sentindo a perna após uma dividida com Donovan. "Esse é um grande problema, os cartões e as contusões. Vamos ver como reagir a isso. Há muito trabalho a ser feito pela nossa equipe médica", disse o treinador. Desde a segunda rodada, ele já não pode contar com o zagueiro Vorsah, lesionado. Justamente Jonathan havia assumido a posição ao lado do capitão Mensah na dupla de zaga.

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