Prevenção
Sem manutenção em dia de jogo
Para evitar falta de energia em um lance decisivo da seleção brasileira, tanto a Copel quanto a Itaipu fazem o possível para que não ocorra qualquer incidente. Nisto, a principal providência é não promover ações no dia do jogo, como conta Ana Rita.
"Não serão feitas intervenções na rede quatro horas antes dos jogos", explica a gerente da empresa paranaense. "Nosso sistema é aéreo e emergências podem acontecer. Mas estamos trabalhando para que não aconteça", explica.
Já em Itaipu, por ser binacional, não haverá manutenções preventivas tanto nos dias de jogos do Brasil como nos do Paraguai. Além disso, Torino conta que até as ações corretivas serão bem pensadas. "Na hora será avaliado o risco de se fazer ou não", afirma, exemplificando que é melhor que uma casa fique sem chuveiro até o final do jogo do que se corra o risco de desligar a residência inteira.
Plantonistas se sacrificam pela torcida alheia
Para que todo este sistema funcione corretamente, alguns "sortudos" terão de trabalhar durante as partidas do Brasil. No Centro de Operação da Copel, um deles é Alan Aparecido da Costa, de plantão na hora do jogo com a Costa do Marfim, no dia 20. Técnico de Operação de Sistema há quatro anos, ele garante que o trabalho é mais importante que a Copa. "É o horário que tem de estar mais ligado", afirma, brincando sobre a partida que vai perder. "É só a Costa do Marfim. Vamos ganhar. O Drogba está quebrado".
Na usina em Foz do Iguaçu, a atenção estará focada nos gráficos nos computadores. Torino garante que os 11 plantonistas, o "time que não vê a Copa", nem reclamam. "Quantas pessoas podem dizer: estou fazendo a diferença para o país inteiro? Eles têm orgulho da importância que têm para o Brasil", garante.
Imagine. Terça-feira, 15 de junho. 15 horas. Faltam 30 minutos para a estreia da seleção brasileira na Copa da África. Uma grande correria no país para ligar a televisão no canal do jogo. O reflexo disso no consumo de energia no Brasil é impressionante: como se desligassem de repente três estados do Paraná ou 8,5 cidades do tamanho de Curitiba, considerando a carga elétrica no horário do jogo.
A informação é de Celso Torino, gerente da Divisão de Operação da Usina de Itaipu. Ele explica que essa conta é baseada no comportamento da população em outros Mundiais. Mais especificamente na Copa da Alemanha, em 2006, quando os horários dos jogos eram muito parecidos com os do torneio deste ano. "O consumo cai acentuadamente, em 12 mil megawatts. É a produção de uma Itaipu inteira", garante.
No Paraná não é diferente. A gerente do Departamento de Operação do Sistema Elétrico da Copel, Ana Rita Mussi, explica que mil megawatts são economizados no estado enquanto a seleção está em campo, o que equivale a 70% de Curitiba. "Antes do jogo há uma diminuição do consumo, com as empresas reduzindo as atividades para permitirem que os empregados assistam as partidas", explica.
Porém, com o fim do primeiro tempo, uma outra movimentação toma conta do país. Durante 15 minutos um torcedor aproveita o intervalo para abrir a geladeira atrás de uma cervejinha, outro fecha a geladeira já com a garrafa na mão, um estoura pipoca no micro-ondas, outro mexe na geladeira de novo. Com todo mundo fazendo isso ao mesmo tempo, o consumo de energia vai lá em cima.
Torino explica o impacto desse processo em termos nacionais. "São 4 mil megawatts consumidos a mais de repente. Seria como se tivessem ligado simultaneamente todo o estado do Paraná", exemplifica, o que equivaleria a quase três cidades de Curitiba. De acordo com Ana Rita, no território paranaense são 400 megawatts extras antes do reinício das partidas do Brasil.
Com o começo do segundo tempo, nova queda do consumo até o apito final. Mas basta o jogo acabar para que a maior hidrelétrica do mundo tenha de mostrar serviço, como conta Torino. "De seis a oito minutos após o fim da partida, o consumo cresce até mais que os 12 mil megawatts. Muitas empresas voltam a trabalhar e, por ser perto das 17h30, começa a funcionar a iluminação pública".
Já no Paraná o acréscimo é de 1,3 mil megawatts após os 90 minutos. Segundo Ana Rita, este tipo de previsão é necessária para que o sistema não tenha problemas. "Com esse comportamento simultâneo da população, a tomada de carga é mais brusca do que se ela fosse feita aleatoriamente. No Centro de Operação da Copel, isso tem de ser sincronizado para que possa ser atendida essa demanda de energia", explica.
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