Multidão de aproximadamente 18 mil torcedores, segundo estimativa da Polícia Militar, comemora o gol de Robinho, o terceiro do Brasil contra o Chile, no telão gigante na Boca Maldita| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo
A comerciante Sílvia Regina Camilo, de 45 anos, era uma das fantasiadas que se destacavam na Boca Maldita. Com óculos gigantes e muita animação, ela resolveu deixar o marido e os dois filhos em casa para torcer com o povão na XV.
As estudantes Giovana Ziegler e Andressa da Silva Viana, ambas de 19 anos, não eram espalhafatosas. Ao contrário, o que fazia diferença era um deta­­lhe nos ouvidos das duas: protetores auriculares. Tudo por causa das corne­­tas.

A vitória brasileira sobre o Chi­­le, pelas oitavas de final da Co­­pa do Mundo, teve um público recorde no calçadão da XV de No­­vembro, na Boca Maldita. Se­­gundo a Polícia Militar, 18 mil torcedores assistiram ao confronto no telão. A expectativa é de que o número de pessoas cresça ainda mais conforme a seleção se aproxime da final.

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Mesmo com esse volume de torcedores, o único incidente ocorreu com um aspirante do Exército. O rapaz, que não teve o nome divulgado, sofreu cortes na mão e no tórax ao se acidentar soltando um rojão. Ele foi encaminhado ao Hospital Evangélico.

Fora isso, o que se viu foi mui­­­­­­ta vibração, barulhos de cor­­­­netas e tipos diferentes e coloridos. Um deles foi o administrador Jafet da Silva Pereira, 28 anos. Com uma peruca verde e amarela, ele ga­­rante que chamou a atenção des­­de que saiu de casa, no Alto Bo­­queirão. "O pessoal é meio tí­­mido. Mas de vez em quando aparece alguém que quer tirar uma foto", afirmou.

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Com o começo do jogo, após a apreensão inicial, muita co­­me­­mo­­ração com os gols de Juan e Luís Fabiano. Até quem estava apenas visitando a cidade aproveitou para fazer festa. Foi o caso do casal Renata dos Anjos e Mar­­co de Melo, de São José dos Cam­­pos (SP), que estavam com o filho Cauã, de apenas 1 ano, no meio da barulheira. "Ele se diverte com as cornetas", garantiu a mãe.

No segundo tempo, o ânimo di­­­minuiu. Entre a multidão, des­­tacava-se uma mãe com uma fi­­lha, as duas com chapéus lembrando a seleção, mas sem conseguir assistir ao jogo, sentadas na frente de uma loja fechada. A surpresa é que isso não representava cansaço e sim superstição, como contou depois a jardineira Dirlei Carvalho, de 34 anos.

"Eu tenho medo de acompanhar e perder. Por isso não ve­­jo", garantiu a moradora de Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba, contagi­­an­­do a filha Helen, de 9 anos, que tem a mesma opinião. Se­­gundo Dirlei, o interessante ali era a multidão. "Eu venho aqui ver o pessoal curtir. Lá onde eu moro não tem esse ‘fervo’", ex­­plicou. Por enquanto está funcionando.