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Diego Armando Maradona entrou no campo da Universidade de Pretória e ouviu um urro de satisfação atrás dele. Era a saudação que ele recebia dos cerca de 3 mil torcedores posicionados nas arquibancadas para observar o trabalho do treinador e de seus comandados na tarde deste domingo. Com uma barba bicolor no rosto, um pouco branca e um pouco negra, o mito virou, sorriu e acenou para a torcida. Em seguida, ergueu os braços. Por fim, mandou beijos. E aí caminhou para o campo e chamou um jogador para conversar.

O papo foi quase ao pé do ouvido, olho no olho, unidos pela mão de cada um nas costas do outro. Era um certo Lionel Messi.

Dizia Che Guevara, uma referência para Maradona, em frase que já virou clichê: "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura". Diego não perde a ternura. O jeito de trabalhar do maior gênio já criado no futebol argentino tem um ponto visível: ele quer os jogadores do lado dele. E usa o carinho para conquistá-los. Afinal, ele sabe que é mais do que um treinador para a maioria daqueles jogadores: é uma lenda.

E parece que deu certo. Os atletas da seleção argentina, em cada entrevista, louvam a presença de Maradona. "É uma motivação", resume o zagueiro Demichelis.

Maradona, um excêntrico por natureza quando jogador, virou um treinador discreto nos treinos. Ele escolheu o círculo central do campo como moradia. Praticamente não sai dali. Mas caminha sem parar. Não fica quieto um segundo. Anda de um lado para o outro, sempre dirigindo o olhar para a bola - são velhos amigos. Carrega uma expressão leve no rosto. E não fala muito. Vez ou outra, solta um grito de incentivo aos jogadores, um daqueles tradicionais "dale, dale, dale" dos argentinos.

A observação do jeito de trabalhar do Maradona pré-Copa do Mundo ocorreu em apenas dois treinamentos. Ele prefere trabalhar em sigilo, com portões fechados. Justamente por isso, é uma incógnita o time que o treinador vai colocar em campo na estreia da Argentina na Copa do Mundo, mas há um indício até natural: Diego não vai querer saber de defensivismos.

A tendência é de que a Argentina jogue com três atacantes. Messi, claro, só não jogará se estiver em coma. Os outros dois devem ser Higuaín e Tévez. A ideia é que um deles sempre volte para colaborar com o meio, que deve ser formado por Mascherano, Verón e Di Maria. E é o que fatalmente vai acontecer. Afinal, são ordens de Maradona...

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