Mais de 250 pessoas se reuniram na Casa da Memória, em Carambeí, nos Campos Gerais, para assistir ao jogo Brasil x Holanda. A torcida, apesar de composta por imigrantes holandeses e seus descendentes, era amplamente destinada à seleção brasileira. Uma minoria preferiu manter-se fiel às origens, comemorando o triunfo da Laranja Mecânica.
Enquanto provavam bitterballen, uma espécie de croquete típico holandês, sopa de ervilhas e a brasileiríssima mandioquinha frita, a torcida trocava provocações. "Eu queria que o Brasil ganhasse e que a Holanda não perdesse", era o sentimento da imigrante Anneke Slob de Geus, 71 anos, que ostentava um figurino laranjado. "Meu palpite para o jogo era de 2 a 2, mas não entendo nada de futebol e me disseram que não poderia ser esse o placar. Os holandeses têm mais técnica, mas os brasileiros jogam mais bonito. É difícil torcer para um só", dizia no intervalo do jogo. Sua filha, Jaqueline, 36, teve que aguentar as brincadeiras da mãe. "Claro que não entramos em conflito, mas rolam provocações."
Mesmo entre as gerações nascidas no Brasil, alguns optaram por defender a Holanda. "Fizemos suco de limão com o verde do Brasil, porque nas minhas veias corre suco de laranja", comemorou Mário Dijkstra, 30 anos.
Outro torcedor "fanático" holandês, Thomas Woorsluys, diz que prefere o time do país de seus antecedentes para manter viva a tradição e também pelo primeiro título. "O Brasil já tem cinco Copas e a Holanda nenhuma", contabiliza. A mesma razão move a paixão de Juliana Dijkstra, 12 anos, pela Holanda. De vuvuzela verde na mão, mas com uniforme holandês, ela foi um dos destaques da torcida contra o Brasil. "Vocês já têm muitos (títulos), agora é a vez da Holanda".
"Já estamos no clima de comemoração do centenário da imigração (a colônia foi estabelecida em 1911)", diz uma das lideranças da colônia, Dick de Geus. Festa de uma cor só: laranja.
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