Estratégia
Espanha aposta na força da defesa e em Casillas
Folhapress e Agência Estado
Casillas, capitão espanhol, não leva gol no Mundial há 223 minutos e busca, na partida mais importante da história de seu país, vaga inédita na decisão e recorde. O arqueiro do Real Madrid tornou-se o goleiro espanhol há mais tempo sem ser vazado em Copas superou os 209 minutos de Ramallets na Copa de 1950, no Brasil. Precisa ficar mais 58 minutos sem levar gol para que a Espanha bata seu recorde de minutos sem ser vazada.
Em 1950, o arco espanhol ficou, somando as atuações dos goleiros Ignacio Eizaguirre (jogou contra os EUA) e Antonio Ramallets (atuou contra Chile, Inglaterra e Uruguai), 282 minutos sem ser superado. Essa é a meta de Casillas e da defesa espanhola para o jogo de hoje. No mata-mata, Casillas pegou até pênalti contra o Paraguai.
"Qualquer mínimo detalhe pode decidir o final. Temos que ter uma solidez e marcar. A Alemanha também é bastante marcadora", falou o volante Xabi Alonso. Já o lado alemão tenta evitar a euforia ao mesmo tempo em que tira força das goleadas recentes. "Todos querem ir adiante e chegar até o topo da montanha. Não é que estamos despreocupados, mas não estamos tensos, apenas concentrados", comentou o técnico Joachim Löw.
Duas seleções verdadeiramente nacionais. Fugindo da atual realidade do futebol mundial, Alemanha e Espanha se enfrentam hoje, às 15h30, em Durban, praticamente sem a presença de jogadores que atuam fora de seu território.
Dos 46 inscritos pelos finalistas da última Eurocopa para o Mundial da África do Sul, apenas 3 espanhóis defendem clubes estrangeiros Reina e Torres no Liverpool e Fábregas no Arsenal, todos da Inglaterra. Times tão caseiros são uma raridade. Para efeito de comparação, na outra semifinal a soma de atletas "de fora" é de absurdos 35.
Apesar de terem em comum a formatação do elenco, os rivais vivem em situação contrastante na Copa. A Alemanha despachou com goleada Inglaterra (4 a 1) e Argentina (4 a 0), surpreendendo até mesmo os compatriotas, que não apostavam na renovada equipe de Joachim Löw. O time se tornou a sensação do torneio, com velocidade e habilidade. Tem o melhor ataque da competição, com 13 gols.
Já a Fúria balançou a rede menos da metade disso: apenas seis gols. Badalada antes do início do campeonato, a campeã europeia tem nesse jejum de gols um dos reflexos do momento de baixa que atravessa. Perdeu na estreia para a Suíça e não decolou. O futebol mais leve e envolvente que se cobra da Espanha não apareceu. Enfrentou equipes retrancadas e teve dificuldade em quebrar a barreira defensiva. Faltaram gols, principalmente porque Fernando Torres está mal fisicamente.
As duas seleções levaram apenas dois gols no torneio somente Portugal e Suíça sofreram um a menos. Equilíbrio defensivo que não se repete no retrospecto histórico de Copas. Em três jogos, foram duas vitórias germânicas (1966 e 1982) e um empate (1994). Um tabu que não parece incomodar muito quem recentemente derrotou a toda-poderosa Alemanha em uma final de Euro 1 a 0 em 2008.
Esse revés deixa o time preto e branco em alerta. "É claro que estamos pensando nisso. Naquela ocasião, a Espanha foi superior, então não podemos nos lamentar pela derrota", falou Schweinsteiger, candidato a melhor jogador da Copa. "A Espanha é favorita. Não tem apenas um Messi; tem vários. Além disso, comete poucos erros, diferentemente de Inglaterra e Argentina. Vamos ter de obrigá-los a cometer erros", concordou Joachim Löw.
O otimismo é espanhol, consciente de que deve ter hoje a chance que ainda não apareceu de mostrar seu bom toque de bola, já que os alemães não são tão retrancados. "Não chegamos aqui para ficarmos em quarto. Vamos lutar para chegar à final. É a partida mais importante da nossa história, mais ainda que a final da Eurocopa", declarou o goleiro e capitão Casillas.
Ao vivo
Alemanha x Espanha, às 15h30, na RPC TV, Band, BandSports, ESPN Brasil e SporTV. Também tem a transmissão interativa da partida pelo www.gazetadopovo.com.br/copadomundo2010