No dia 26 de março, uma animada pelada entre operários e vereadores de Johannesburgo, perante uma plateia de 10 mil funcionários públicos, inaugurou o Soccer City, principal estádio da Copa do Mundo de 2010. Do lado de fora, centenas de trabalhadores não selecionados para o jogo festivo acionavam suas britadeiras em mais ajustes da interminável obra no bairro Soweto, um dos símbolos da errante preparação do país para receber o Mundial.
Em 2004, quando venceu a acirrada disputa com Marrocos para organizar o torneio, a África do Sul estimava investir US$ 476 milhões em infraestrutura para deixar o país em ordem. Pura ilusão. Só no Soccer City foram gastos US$ 450 milhões. E a conta, já na casa do bilhão, não para de crescer.
"É uma conta que nunca fecha. Agora falam aqui que, no total, devem ter gasto US$ 55 bilhões em 5 anos", revela a jornalista Marta Reis, há pouco mais de um ano trabalhando em Johannesburgo.
Parte desta expressiva quantia, bancada exclusivamente pelo poder público, serviu para reformar e ampliar rodovias, construir hospitais e aeroportos mais modernos a cidade litorânea de Durban, uma das bases da torcida brasileira na África, ganhou um terminal novo.
Outra significativa fatia foi aplicada em segurança, forma encontrada pelo comitê organizador para acalmar o mundo e garantir a presença de 450 mil turistas durante os 30 dias do evento (de 11 junho a 11 de julho). Cinquenta e cinco mil policiais foram treinados para trabalhar no período, um acréscimo de 15% no contingente. O batalhão da Copa terá à disposição 40 novos helicópteros e 100 viaturas especiais para vigiar as rodovias. As nove cidades-sede ganharam ainda centenas de câmeras de monitoramento.
"A cidade é muito segura. Já organizamos outros eventos, dois mundiais de rúgbi e não tivemos reclamações. Pedimos a colaboração de oficiais de outros países durante a Copa. Problemas existem, mas nós estamos preparados para enfrentá-los. Como é no Brasil", explica Calvyn Gilfellan, chefe do departamento de marketing da Cidade do Cabo no Mundial.
Nenhum setor, porém, recebeu mais atenção do que os estádios. Cinco complexos esportivos (50%) foram erguidos apenas para a Copa. Construções luxuosas. No Soccer City, foram usados 9 milhões de tijolos e 3 mil toneladas de aço para dar ao estádio o aspecto de uma enorme calabash, tigela tradicional africana em que todos comem juntos, com as mãos.
Investimentos semelhantes ocorreram na Cidade do Cabo (Green Point), Durban (Moses Mabhida), Porth Elizabeth (Nelson Mandela Bay) e em Nelspruit (Mbombela).
Porém nem tudo ficará pronto até a bola rolar. O trem rápido que ligaria Johannesburgo a Pretória (outra subsede) não sairá do papel. O mesmo vale para o corredor de ônibus do centro ao aeroporto. Em funcionamento, somente o trecho até Soweto, a imensa e populosa townships (como as favelas são conhecidas no país), vizinha ao Soccer City, sede de três dos maiores clubes da primeira divisão sul-africana Moroka Swallows, Orlando Pirates e Kaizer Chiefs.
O próprio Soccer City só ficará completamente pronto dias antes, sem tempo de passar por eventos-teste. "A cada dia ouvimos uma história diferente. Mas o certo é que está atrasado", diz Marta.
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