A queda prematura de seleções campeãs do mundo como Itália e França, por exemplo causou um fenômeno pouco comum na reta final da Copa do Mundo da África do Sul. Ao invés de serem inflacionados, boa parte dos ingressos nas mãos de cambistas ficou mais barata na fase de mata-mata.
Ontem, duas horas antes do início da partida entre Paraguai e Japão, em Pretória, pelas oitavas de final, qualquer torcedor das duas equipes que estivesse à procura dos bilhetes conseguia comprá-los a um preço mais baixo até do que quem o tinha feito por antecipação, via internet.
"US$ 100 por um. Se você quiser os quatro, posso te fazer um preço melhor", afirmou um vendedor sul-africano à reportagem da Gazeta do Povo, que se fingiu de interessada em comprar ingressos para a partida.
No papo rápido, ele explicou que havia comprado várias entradas imaginando em conseguir fazer o pé de meia na Copa. Só não imaginava que o time de Marcelo Lippi iria pipocar tão cedo e dar lugar ao paraguaios. Resultado: encalhou com os bilhetes e tentava, ao menos, diminuir o prejuízo.
"Aproveite. Há alguns dias estava vendendo por US$ 300", garantiu.
Perto do Loftus Versfeld, o ponto de maior movimento de cambistas já era dentro do perímetro de um quilômetro do estádio, que fica protegido pela polícia mas a pé se entra facilmente mesmo sem ingresso. Em um restaurante a duas quadras da praça esportiva, as entradas eram oferecidas sem nenhum pudor.
O mesmo fenômeno ocorreu na partida entre Argentina e México, já que muitos sul-africanos imaginavam que iriam ver a sua seleção no Soccer City. Lá, por exemplo, era possível se comprar ingressos pelos mesmos US$ 100 na moeda local, 750 rands. Esse é o mesmo preço que foi utilizado pela Fifa, antes da Copa, para comercializar os bilhetes.
O barateamento, contudo, não ocorreu em jogos da primeira fase entre seleções renomadas ou, nas oitavas, onde a lógica prevaleceu nos cruzamentos. Os ingressos para Brasil e Portugal, em Durban, por exemplo, uma hora antes da partida, chegaram a ser vendidos por US$ 1 mil.
O mercado clandestino já rendeu algumas prisões na África do Sul. Contudo, a maior delas foi a de um dinamarquês, Michael Bakkestrom, e de um alemão, Siv Anne Balsley, que estavam hospedados no mesmo hotel em que fica o estafe da Fifa em Johannesburgo. Eles tinham 70 ingressos para diversas partidas e trabalhariam em nome de uma empresa norueguesa chamada Euroteam.
A companhia anuncia em jornais da África do Sul prometendo bilhetes para qualquer partida, incluindo a final. Mas está sendo investigada por venda de bilhetes falsos.
De acordo com a reportagem de capa do Jornal Sunday Times, o principal da África do Sul, no domingo, várias empresas compraram pacotes de ingressos da Euroteam, os repassaram a funcionários e parceiros, e muitos foram barrados nos estádios.
O prejuízo de empresas sul-africanas e torcedores, de acordo com o periódico, chegaria a cerca de 6 milhões de rands (R$ 1,5 milhão).
De qualquer forma, o cambista de ocasião, não deve sofrer sanção, já que, normalmente, tenta vender um bilhete que era para uso próprio, para escapar do prejuízo. Caso, por exemplo, do homem que falava espanhol, e nos seguiu até o carro, oferecendo dois ingressos que afirmava ter recebido de uma escola. Eles estavam até no envelope. "Vendo pelo preço que você quiser, diga quanto", falou.
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