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Busto de Fernando Pessoa com o poema Mar Português: poeta passou a adolescência em Durban | Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
Busto de Fernando Pessoa com o poema Mar Português: poeta passou a adolescência em Durban| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
  • Relógio doado pelo governo português em 1897 em homenagem à descoberta de Vasco da Gama

A África do Sul tem uma das mais belas amostras das descobertas dos navegadores portugueses pelo mundo: Durban. Li­­torânea, ensolarada, desenvolvida e turística, a sede de Brasil x Portugal, amanhã, tem nos laços lusos o maior retrato de sua história.

Descoberta em 1498 por Vasco da Gama e habitada entre 1895 e 1905 pelo poeta Fernando Pessoa (o padastro dele era cônsul de Portugal no país), a cidade tem heranças e influências dos ibéricos por todos os lados.

A começar pelos monumentos. No centro, o escritor está em uma das praças mais movimentadas usando um chapéu. Na escola secundarista de Durban, fundada em 1866 (com o nome de liceu), outro busto de Pessoa recepciona quem passa pelo portão principal da instituição.

Lá, o mestre das palavras es­­creveu seu primeiro poema, em inglês, quando tinha 16 anos de idade. A obra foi publicada no jornal Natal Mercury, que existe até hoje. Em homenagem ao principal clássico futebolístico entre países da língua portuguesa, amanhã, o veículo estará nas bancas editado em português.

Até mesmo o nome do estado onde Durban está encravada vem da nossa língua. Natal foi assim batizada pelo fato de Vasco da Gama ter desembarcado no dia 25 de dezembro, quando estava buscando chegar às Índias.

A exitosa campanha do ex­­plorador também tem sua re­­cordação em grande estilo. O re­­lógio da Gama foi doado pelo governo lusitano para celebrar 400 anos da viagem (em 1897) e está intacto -- apesar dos ponteiros parados – no mesmo local em que ele aportou.

"Sei de toda essa história, mas prefiro fazer safári nos momentos de passeio. Os mo­­nu­­mentos estão sempre lá", afirma José Loureiro, estudante de 32 anos e fã da equipe de Cris­­­­tia­­no Ronaldo, Ele nasceu em An­­gola.

O pai do estudante, João Loureiro, já é mais nostálgico e pretende visitar as atrações lusas antes da partida. A família está na África do Sul desde o dia 12 e assistiu aos dois jogos anteriores do time de Carlos Queirós.

"Entre um jogo e outro quero passar por essas atrações. Sou empresário em Angola, mas vou todo ano para Portugal", revela ele, que foi viver na África na década de 70 para servir na guer­­ra que os angolanos travavam pela independência.

Os Loureiros farão parte da torcida que deve ser maioria ab­­soluta nas arquibancadas do Estádio Moses Mabhida. A cidade tem a maior colônia portuguesa do país da Copa. Dos 350 mil lusitanos que vivem na África do Sul, 100 mil estão em Durban.

"É um absurdo o que tem de português aqui. Eles vão lotar o estádio", comenta o advogado brasileiro Fábio Miguel Rosa. A sede da torcida canarinho que viajou à terra de Nelson Mandela é na parte litorânea do país.

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