O futebol não é considerado um esporte justo, e nem sempre o melhor vence. Mas no maior clássico ibérico da história, disputado nesta terça-feira, na Cidade do Cabo, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, fez-se justiça. A Espanha dominou Portugal durante todo o jogo e, se venceu por apenas 1 a 0, foi porque o goleiro Eduardo evitou um resultado mais amplo. Agora vai enfrentar o Paraguai nas quartas, em partida às 15h30 (de Brasília) de sábado, em Johannesburgo.
O técnico Carlos Queiroz, de Portugal, havia afirmado que, na Cidade do Cabo, Portugal jogava em casa. De fato, a colônia portuguesa é grande na região. Mas a Espanha foi quem atuou como se estivesse sob os seus domínios. Dominou a posse de bola, trocando passes sempre corretos, com autoridade de campeã europeia. Após um início ruim, com derrota para a Suíça, a Fúria volta a mostrar força. O gol da vitória foi marcado por Villa.
Blitz espanhola no início
Diante do ótimo desempenho defensivo de Portugal neste Mundial, os espanhóis entraram em campo dispostos a não dar tempo para o adversário respirar e se arrumar em campo. Foi uma blitz. Em 12 minutos, tiveram 70% de posse de bola e concluíram quatro vezes a gol, em três delas obrigando Eduardo a espalmar a bola. A defesa lusa cometia erros bobos de marcação, permitindo até que Torres recebesse passe rasteiro numa cobrança de escanteio e virasse para chutar sem dominar a bola.
Até então apagado na competição, o atacante do Liverpool ainda sofreu um pênalti não marcado, numa das vezes em que ficou mano a mano com Coentrão na ponta. Os 12 minutos iniciais foram um resumo da Espanha na Copa, com muita presença ofensiva e pouca eficiência na finalização. Portugal se segurou no início da partida e ajustou sua marcação, não passando por outro susto até o intervalo. A Espanha virava a bola de um lado para o outro, buscava acionar Villa e Torres nas pontas, mas falhava no passe que acionaria os atacantes pelo meio.
Portugal demorou a acertar sua saída de bola, o que levou até Pepe a discutir com Eduardo, pedindo que o goleiro não desse mais chutões para frente. O meio-campo pouco criava, e no ataque Cristiano Ronaldo era bem marcado, irritando-se com a arbitragem de Hector Baldassi, que deixava o jogo correr. Seus companheiros tampouco ajudavam: Simão foi uma figura nula, e Hugo Almeida mais trapalhou do que ajudou.
Não por acaso, Liedson e Danny começaram no banco de reservas o aquecimento por volta dos 30 minutos. A essa altura, eles já haviam visto o time testar a insegurança de Casillas por duas vezes, em chute de Tiago e numa cobrança de falta de Cristiano Ronaldo. Outra boa possibilidade de ataque que surgiu, já no fim da primeira etapa, foi o cruzamento da esquerda para a área. Hugo Almeida não cabeceou em cheio no primeiro lance, e Tiago concluiu para fora no segundo.
Espanha
O início da segunda etapa teve uma Espanha com sua tradicional paciência, trocando passes em busca de uma situação clara de ataque. Mais preocupado em defender, Portugal conseguiu apenas uma jogada isolada aos seis minutos, em que Puyol desviou de joelho um passe de Hugo Almeida e quase marcou contra.
Os dois técnicos resolveram mexer em seus times ao mesmo tempo, aos 13 minutos. Vicente del Bosque trocou Torres por Llorente, e Carlos Queiroz substituiu Hugo Almeida por Danny. A Espanha passou a ser mais contundente a partir daí. Logo aos 15, o próprio Llorente perdeu boa chance, ao cabecear em cima de Eduardo, após cruzamento de Sergio Ramos da intermediária, numa jogada pouco comum da Espanha. Em seguida, Villa arriscou de fora da área e quase marcou.
As chances se sucediam, e aos 17 minutos veio o gol. E bem ao estilo espanhol: uma rápida troca de passes, com Xavi usando o calcanhar para deixar Villa na cara de Eduardo. Também ao estilo espanhol foi a conclusão, sofrida: o atacante precisou chutar duas vezes para encontrar a rede, marcando pela quarta vez na Copa e igualando-se ao argentino Higuaín e ao eslovaco Vittek como principais goleadores. Foi também a primeira vez que Eduarddo buscou uma bola em sua meta, acabando com a invencibilidade da defesa de Portugal.
Em desvantagem no placar, Portugal pouco fez até o fim da partida para buscar o empate. Foi a Espanha, na verdade, que esteve mais perto de um gol. E só não fez o segundo porque esbarrou em Eduardo, que fez difícil defesa em chute cruzado de Sergio Ramos e espalmou com plasticidade uma bomba de Villa. Especialista em manter a posse de bola, a Espanha praticamente pôs na roda o adversário, que não encontrou forças para uma marcação mais eficiente. E os portugueses ainda tiveram Ricardo Costa expulso no fim, por um lance na área com Capdevilla.
Confira como foi a transmissão interativa da partida:
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