O poder público sul-africano torrou mais de R$ 700 milhões para erguer o Moses Mabhida. O plano é audacioso. Fazer de Durban a sede da primeira Olimpíada no continente africano. Em 2020, após os Jogos do Rio de Janeiro, ou, mais tardar, em 2024. A concorrência interna, porém, é pesada. Johannesburgo, a maior cidade da África do Sul, e Cidade do Cabo, a mais turística, também se credenciaram.
O estádio que na sexta-feira abriga Brasil x Portugal - foi meticulosamente projetado para que possa ser usado como o grande cartão de visitas de Durban.
Concebido como uma arena multisuso, o complexo para 69.957 espectadores sentados conta com um anfiteatro completo. A arquitetura foi inspirada na bandeira nacional, refletindo no grandioso arco a união entre brancos e negros depois do fim do apartheid, em 1992.
Lá em cima, a 350 metros do chão, o torcedor pode ter uma visão panorâmica da cidade litorânea. O teleférico, porém, não funciona durante a Copa, a pedido da Fifa. Os saltos de bungee jump também foram suspensos, também por ordem da entidade.
Há, contudo, mais pedras no caminho da ambição do Moses Mabhida. Por um erro logístico da organização local, o estádio receberá cinco jogos em um intervalo de 12 dias, já contabilizando a partida de amanhã, às 11 horas (de Brasília), entre brasileiros e lusitanso, confronto que vale o primeiro lugar do grupo G.
O gramado não demorou muito para acusar o excesso. E, imediatamente, a Fifa cancelou os treinos de reconhecimento, realizados sempre na véspera dos jogos.
A reportagem da Gazeta do Povo visitou o Moses Mabhida, localizado no complexo esportivo Kings Park, a poucos quilômetros do mar. O gramado, no entanto, não pôde ser visto. Estava coberto por 25 imensas faixas brancas para preservá-lo.
Propaganda extremamente negativa para quem almeja influenciar o Comitê Olímpico Internacional (COI) e se transformar na "cidade dos esportes" na África do Sul, mas que nem de longe tira o entusiasmo da população local. "Brasil e Portugal será o grande jogo do nosso estádio. Estamos todos orgulhos com o que está acontecendo", diz o taxista Roger Odelia, simbolizando o pensamento único que move Durban, palco de uma das semifinais da Copa 2010.
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